Revista O Carreteiro – Finalmente, os transportadores brasileiros descobriram as vantagens da caixa automatizada no transporte, ao que se tem visto de uma maneira que já tem fabricantes de caminhões entregando o equipamento como item de série. Como você avalia esta movimentação do mercado brasileiro. Era uma mudança anunciada devido às vantagens do produto?
Ricardo Dantas – É uma combinação de fatores que, sem dúvida, tem as vantagens do produto como ponto central. A falta de motoristas no mercado e a busca contínua por redução de custos operacionais estão alavancando esta tendência.

Revista O Carreteiro – No passado era comum ouvir dizer que caixa de câmbio automática fazia o veículo gastar mais. Você acredita que transmissão automatizada e automática, que são coisas diferentes, são ainda uma questão a ser esclarecida para os profissionais da área de transporte e aos motoristas brasileiros?
Ricardo Dantas – Antes de tudo é preciso esclarecer que são duas tecnologias diferentes. A transmissão automática trabalha com conversor de torque. Esta conversão de torque proporciona boa dirigibilidade ao veículo e este benefício é feito pelo consumo de energia e aumento de temperatura. A transmissão automatizada é baseada em plataforma mecânica controlada eletronicamente. O resultado é uma performance equivalente à de um veículo conduzido por um bom motorista. Além disso, o custo operacional é bem menor em função da tecnologia de automatização ser baseada em plataforma mecânica.

Revista O Carreteiro – A Eaton é uma das principais fabricantes globais de transmissões para a indústria automotiva, e um dos seus modelos de grande aceitação é a Ultra-Shift. Esta unidade já está totalmente pronta para o mercado brasileiro de veículos pesados?
Ricardo Dantas – Sem dúvida.

Revista O Carreteiro – Antes de a transmissão ser aprovada para equipar algum veículo é necessário um bom tempo de trabalho entre as engenharias da montadora e da Eaton, para que o casamento da caixa com o motor seja o mais perfeito possível. Este trabalho vem sendo desenvolvido pela empresa?
Ricardo Dantas – Sim, este conhecimento (know-how) está desenvolvido e temos profissionais extremamente qualificados trabalhando neste produto. Este casamento é composto de três fases distintas: a certificação do motor, a integração no veículo e a calibração. As duas primeiras fases dependem exclusivamente do trabalho conjunto entre Eaton e fabricantes de motores. A terceira é feita pela Eaton baseada nos requisitos de cada um dos clientes.

Revista O Carreteiro – Segundo informações de bastidores, a Eaton testava recentemente a sua caixa automatizada em caminhão pesado de uma montadora instalada no Brasil. Você pode dizer algo a respeito?
Ricardo Dantas – São várias frentes em andamento. Detalhes poderão ser divulgados assim que os lançamentos de veículos ocorrerem.

Revista O Carreteiro – Hoje, o comprador de caminhão médio ou semipesado pode escolher a marca da transmissão que ele deseja, inclusive com diferenças de preço porque existem também diferenças técnicas. Isso poderá acontecer também com as automatizadas nos extrapesados?
Ricardo Dantas – Nós não vemos esta tendência no Brasil. As montadoras oferecem um único powertrain para cada aplicação.

Revista O Carreteiro – A Eaton tem caixa para todos os segmentos de caminhões no Brasil?
Ricardo Dantas – Nossos produtos estão disponíveis para veículos médios e pesados, aplicações estradeiras e vocacionais.

Revista O Carreteiro – A empresa já tem, ao menos em média, quanto vai custar uma unidade da marca Eaton para um caminhão extrapesado?
Ricardo Dantas – Sim, mas a política de preços para cada veículo equipado com transmissões Eaton é prerrogativa de montadoras.