Por Sérgio Caldeira

Desde o dia 17 de agosto de 1991, data de inauguração da primeira fábrica em Pequim, na qual começou a produção dos primeiros TurboDaily naquele mercado, a Iveco tem fortes ligações com o mercado chinês. Através dessas instalações, da estatal Nanjing Automotive Co. (NAC), a montadora italiana se posicionou em um fabricante de peso, alcançando novos mercados rumo ao oriente. Hoje Nanjing fabrica caminhões de diversos portes, incluindo alguns para o segmento leve, muitos deles com a marca Yuejin Motors. No final de 2006 houve um acordo entre a Yuejin e a Iveco chinesa, criando-se a Naveco, ou seja, Nanjing Iveco Motor Company Ltd. A China é muito importante para o mercado automotivo global, já havia pronunciado o presidente mundial da Iveco Paolo Monferino, que disse ainda que o país se tornou uma significativa plataforma industrial e comercial para as operações mundiais do grupo.

Na Europa, para o segmento leve há um Iveco Eurocargo com motor de quatro cilindros. Esse poderia ser o caminhão esperado para o mercado brasileiro, ainda mais com o recente lançamento do semipesado Tector (sempre na ‘plataforma’ do Eurocargo), aproveitando-se componentes da gama Eurocargo, principalmente a cabine. Porém a aposta para um novo produto da marca para o Brasil recai em outra arma: um negócio da China.

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Assim, para o mercado sul-americano, a montadora italiana deve preparar um novo veículo na faixa de nove toneladas de PBT (faixa de peso não coberta pela gama Daily, fabricada no estabelecimento de Sete Lagoas (MG).E é exatamente derivado dos modelos da Yuejin que a montadora italiana poderá trazer para o Brasil um caminhão que a inclua também na faixa dos leves ligeiros com cabine avançada. Seus principais concorrentes serão os MB Accelo, VW Delivery e Cargo 815, além dos modelos Agrale 8500. Aliás, o ano de 2008 fechou com cerca de 30.000 unidades neste segmento, ou quase três mil a mais em relação ao ano de 2007.

Um dos modelos Yuejin que mais se aproxima do novo projeto leve é o NJ1038. Sua aparência lembra um pouco o GMC Isuzu 7-110. No caso do protótipo visto, o estilo asiático é marcante. Sua presença no novo Iveco é notável pelo conjunto óptico montado na parte basculável da cabine (ao invés de ser montado no pára-choque, como ocorre com os Eurocargo). A grande inclinação do pára-brisa em relação ao plano vertical e a cabine com a área envidraçada lateral mais estreita em relação aos caminhões de concepção européia confirmam a afirmativa do dirigente da Iveco em utilizar as unidades chinesas para cooperarem no desenvolvimento de produtos globais.

O projeto da cabine do Yuejin é uma versão evoluída de modelos derivados do japonês Nissan Cabstar, sucesso em todo o continente asiático, pois há algumas décadas a Nanjing obteve licença para uso de seus moldes em sua planta na China. Vale registrar que o fabricante chinês produz em torno de 80 mil caminhões leves a cada ano e outros 20 mil pesados no mesmo período.

O trem-de-força ainda é um mistério, mas provavelmente será composto pelo mesmo propulsor F1C E0481 de quatro cilindros e 2.998 cilindradas que equipa o Daily, com potências ajustadas para 166cv entre 3.000 e 3.500 giros. Só que esta versão será de geometria variável, onde as aletas do turbocompressor variam o ângulo de inclinação para otimizar a pressão, o volume da massa de ar e as rotações do superalimentador de acordo com as solicitações e cargas no acelerador, elevando a elasticidade do motor e garantindo uma prestação mais eficiente. Uma versão de 146cv e outra de 176cv podem vir no pacote
do novo caminhão.

Com vários componentes em comum aos dos fabricados pela Yuejin, não dá para deixar de pensar que esta poderá ser uma novidade da Iveco neste ano de Fenatran, ainda mais que todo seu ‘cardápio’ fora renovado recentemente. O certo é que a versatilidade e a  qualidade do produto, aliados à experiência do Grupo Iveco se encarregarão de transformar o novo leve em mais um grande sucesso, como foi o retorno da montadora ao Brasil.