Por Alessandra Sales
Falta de qualificação profissional do motorista, como conhecimento de eletrônica embarcada, cursos de especialização, entre outras exigências comuns atualmente no segmento do transporte rodoviário de cargas, inclusive a falta de experiência dos novatos na atividade, são os principais problemas enfrentados pelos carreteiros – experientes ou não – para conseguir emprego em uma transportadora. Atualmente, estima-se que existe no mercado brasileiro uma carência de quase 100 mil profissionais qualificados, e diante deste quadro – no qual de um lado sobram empregos e de outro desempregados – há anos as empresas de transporte começaram, por conta própria, a dar treinamento, reciclagem e a preparar profissionais para atendê-las.
A Júlio Simões, por exemplo, exige que o motorista seja alfabetizado, tenha no mínimo 25 anos de idade e possua CNH Categoria E. “Hoje, os motoristas precisam ser comprometidos com as metas de qualidade, com os resultados da empresa e responsáveis com as leis de trânsito”, diz Claudemir Turquetti, diretor do Grupo Júlio Simões. A empresa exige, mas também se preocupa em qualificar os profissionais, por conta disso criou em 2006 o Programa de Educação Continuada (PEC), voltado para o motorista de caminhão, em sua Escola de Motoristas, localizada na sede da empresa, em Mogi das Cruzes/SP.
O PEC é desenvolvido em três módulos: Integração, Específico e Desenvolvimento. No primeiro são apresentados os conceitos da empresa, no segundo a empresa oferece treinamentos focados em atividades principais e procedimentos operacionais internos e, por último, o módulo Desenvolvimento que consiste em treinamentos, com a finalidade de formação e especialização dos profissionais. Para a Júlio Simões, a iniciativa educativa proporciona aos motoristas oportunidade de aprofundamento e aperfeiçoamento das especificidades da função.
Assim também acontece com a Braspress Transportes Urgentes, que exige do carreteiro CNH Categoria E, além da consciência profissional, em especial ao volante do caminhão. “Hoje é importante que o motorista tenha ensino médio e noções de informática, porque a tecnologia de nossos veículos requer desse conhecimento”, afirma Milton Braga, gerente de Recursos Humanos da empresa. Para ele, é de extrema importância o aspecto comportamental do motorista, embora a maturidade no volante também seja. Além disso, dentro da Braspress existe uma norma, pela qual é preciso conceder oportunidades para os motoristas menos experientes, através de estágios supervisionados, como o de manobristas. Inicialmente essas atividades são realizadas no pátio da empresa, para que os motoristas atinjam, aos poucos, maturidade e capacidade para operar caminhão ou carreta. O passo seguinte são as promoções de colaboradores que desejam exercer a profissão, dando a eles chances de crescimento na companhia.
A Ramos Transportes, por sua vez, determina que o profissional tenha experiência mínima de três anos, cursos de MOPP – Curso de Movimentação de Operações de Produtos Perigosos -, Direção Defensiva e Condução Econômica, o que significa, de acordo com a empresa, diferenciais para a contratação do profissional. A transportadora dá prioridade também ao carreteiro com experiência no trânsito urbano e rodovias, além de maturidade, controle emocional, comprometimento e responsabilidade.
A qualificação e atualização de conhecimentos da atividade, tidos como item de grande importância, são práticas diárias dentro da empresa. Outro ponto de destaque entre os colaboradores da Ramos Transportes é ressaltar para aqueles que estão ingressando na profissão a importância de trabalhar, no início, como manobristas de caminhão, além de atuar por um período como acompanhante ou segundo motorista de profissionais mais experientes. Para a gerente de Gestão de Pessoas da empresa, Eleonor Machado, não basta apenas saber dirigir, é necessário se aperfeiçoar, porque muitas tecnologias acompanham o caminhão. “É importante também estar bem informado sobre legislação de trânsito, transporte de cargas e conhecimentos voltados ao meio ambiente, segurança e saúde”, finaliza a gerente.