Por João Geraldo

Ele não é humano, mas nem por isso deixa de ser o motorista de caminhão mais conhecido do Brasil. Criado em 1970 pelo ilustrador Michele Iaccoca, junto com a Revista O Carreteiro, o Zé Carreteiro, hoje um profissional consciente e bom exemplo de profissional, já foi diferente.

Ele nasceu como Zé Sujinho, um personagem que procurava espelhar o motorista de caminhão daquela época com a barba sempre por fazer, o insepa-rável cigarro entre os dedos e não raramente ao lado de um balcão com um copo na mão. Porém, era um grande sujeito.

Com o passar dos anos, o Zé deixou de fumar, melhorou sua aparência e se tornou bem informado a respeito de tudo que acontece no mundo do transporte rodoviário de carga. Procurou, enfim, se encaixar dentro do perfil profissional exigido pelo mercado hoje em dia, mas sem perder sua essência de motorista de caminhão.

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Além do Zé, também esbanja saúde e vitalidade seu fiel e ingênuo ajudante, Jesuino. Os dois são os sobreviventes de uma turma criada pelo artista em 1970 que incluía outros personagens: um gaúcho, um nordestino e um protestante que fazia tudo correto. Após centenas de histórias publicadas, Michele lembra de sua criação com a mesma empolgação de 35 anos atrás. “Do jeito que desenhei o Zé, com traço todo “largado” e com o tempo ele acabou desenvolvendo uma personalidade tão forte que ninguém conseguia fazê-lo igual”, explica. “Quando foi criado, a idéia era que o Zé Carreteiro seria um personagem didático”, lembra.

Michele acrescenta que muitos motoristas se identificam com o Zé Carreteiro, devido a sua simpatia e com isso o conceito didático foi caindo e o Zé deixando de ser um carreteiro esculachado. “ O carreteiro conhece bem o caminhão e sabe a hora certa de proceder a manutenção”, explica.