Por Daniela Giopato
Em pouco mais de 10 anos, o sistema de rastreamento e monitoramento tornou-se um item praticamente obrigatório nos caminhões, por motivos de segurança e logística, e tal fato contribuiu para o surgimento de centenas de empresas para atuar no segmento. Atualmente, já são mais de 400 no ramo de rastreamento em atividades no Brasil, segundo dados do Centro de Experimentação e Segurança Viária, o Cesvi. O perfil do cliente também se diversificou, hoje atinge tanto o transportador que possui apenas um caminhão quanto aquele com uma grande frota, porém todos buscam soluções que garantam a segurança do bem, melhorem a gestão do negócio e também contribua para reduzir os custos operacionais.
“Há cerca de sete anos, basicamente, só frotistas buscavam adquirir um sistema de rastreamento, mas atualmente com a melhora dos preços e das condições de pagamento, motoristas autônomos e pequenos transportadores passaram a ter acesso ao equipamento, cujo preço médio no ano de 2001 era de R$ 10 a 12 mil reais, com mensalidades entre R$ 300 e 400 reais. Hoje esse valor caiu pela metade”, explica Luiz Cláudio Ferreira, gerente de marketing da OnixSat, com sede em Londrina/PR.
Desde 2001 no mercado, a empresa ingressou no negócio com a meta de pulverizar as vendas do rastreador e, atualmente, dos oito mil clientes da OnixSat 50% são autônomos. “Os motoristas estão cada vez menos resistentes, pois perceberam a importância do sistema para a operação de logística, segurança da carga, do caminhão e dele próprio. Além disso, a redução do preço e as melhores condições de pagamento aproximaram ainda mais os carreteiros desta tecnologia”, afirma.
A empresa oferece soluções baseadas no produto que está sendo carregado e não no tamanho da frota. “Se o autônomo carrega carga de baixo valor agregado, oferecemos um produto específico para isso, caso seja de alto valor, cujo plano de gerenciamento de risco exige maior contingência, temos um outro produto mais adequado”, explica. No total a empresa disponibiliza seis diferentes soluções.
Apesar de alguns clientes buscarem equipamentos com a intenção de melhorar a administração de seus negócios, Luiz Cláudio acredita que o fator segurança ainda é o principal motivo para a compra do sistema de rastreamento, e garante que entre os médios e grandes transportadores, a razão da aquisição do sistema tem sido a otimização da logística.
Já para Marcelo Orsi, diretor de marketing da Tracker do Brasil-LoJack, as novas necessidades de mercado mudaram tanto o perfil quanto o motivo que leva o cliente a adquirir o rastreador. Na sua opinião, o equipamento deve garantir a segurança do bem contra o roubo e furto de caminhões e de cargas, além de contribuir para o melhor gerenciamento da frota. Para Orsi, o profissionalismo e o nível de conhecimento, aliado a um produto que atenda as necessidades do cliente, aumentou muito neste setor e pode ajudá-lo a reduzir consideravelmente os custos fixos de sua frota.
Para acompanhar todas as mudanças, a Tracker do Brasil procura disponibilizar no mercado produtos que, segundo Orsi, atendam as exigências de cada cliente. Um deles, citado pela empresa, é o Tracker Monitor Plus, com tecnologia GPS/GPRS e Radiofreqüência que gerencia e monitora a frota. E, em caso de roubo ou furto, é possível rastrear o caminhão em lugares fechados como túneis, garagens, galpões e até subsolos.
Ao longo dos anos também houve uma maior adesão dos motoristas autônomos ao sistema da empresa. Orsi explica que são cerca de 60% e adianta que na verdade os motoristas nunca foram resistentes, ocorre basicamente que a maioria começa com um veículo e este início de operação é sempre custoso para o autônomo, que tem de arcar com o financiamento do próprio caminhão, entre outros custos fixos. “Iniciada a operação e com o tempo, o próprio carreteiro sente a necessidade de não só proteger o seu caminhão, que é sua ferramenta de trabalho, como protegê-lo e alcançar um melhor desempenho”, diz. A empresa oferece aos autônomos o Tracker Auto, com tecnologia LoJack, em caso de roubo ou furto, além de produtos mais complexos.
“Hoje temos uma procura muito maior por parte dos motoristas autônomos, porém, ainda falta uma divulgação mais específica a este segmento para que este profissional invista neste tipo de equipamento”, afirma Hélio Kairalla, diretor comercial da Controlsat, empresa que equipa 10.500 caminhões e desse total 30% são de autônomos. Para os motoristas, a empresa disponibiliza produtos como o Controlcell 4000, Controlcell 4000 Finder Locker, Controlcell Flex e Controlcell Flex Light.
Além da mudança do perfil de cliente que hoje adquire o equipamento, com o passar do tempo o rastreador deixou de ser apenas uma tecnologia contra o roubo ou furto e passou a ter inúmeras aplicabilidades, tais como a de logística, por imposição dos embarcadores, e segurança, acentuado pela imposição das seguradoras, devido ao alto valor do seguro, conforme cita Kairalla. “Para acompanhar as novas necessidades de mercado, a empresa oferece uma maior diversidade de produtos e flexibilidade de suas características, de modo que um único equipamento tenha várias aplicações moldadas para atender o cliente”, complementa.
Clauber Côvolo, gerente nacional corporate da Ituran do Brasil, acrescenta que a exigência cada vez maior por parte das empresas que contratam fretes de autônomos tem levado estes profissionais a adquirir o sistema como solução de controle e segurança. Ele relaciona a preocupação das empresas com a logística de suas mercadorias, entregas, horários e prazos, além do fato de o motorista ter entendido que os embarcadores têm uma inclinação irreversível para contratar fretes com transportadoras ou mesmo autônomos que tenham algum tipo de controle ou gestão de suas entregas.
A Ituran contabiliza cerca de 30 mil caminhões utilizando alguma solução de rastreamento da empresa, e desse total 15% são motoristas autônomos que hoje estão mais flexíveis a aceitar a adoção desses dispositivos, por entenderem as vantagens do uso e as aplicações dessa ferramenta. Porém, reconhece que o custo ainda tem uma relação direta com a aquisição dos equipamentos. “Em face dos fretes cada vez mais reduzidos, e os custos operacionais dos caminhões, em geral, em alta, o proprietário tem buscado soluções mais completas, sem abrir mão de custos acessíveis”, explica. A empresa trabalha com sistema de commoditie, em que o cliente paga apenas a mensalidade e elimina custos ou investimentos iniciais nas aplicações mais simples de rastreamento.
Os produtos oferecidos pela empresa podem ser vinculados ao usuário autônomo da mesma forma como é aplicada a uma frota, sendo utilizados equipamentos e atuadores com as mesmas plataformas. Entre os itens mencionados pela Ituran estão a mobilidade do usuário entre as transportadoras e gerenciadoras de riscos; facilidade de atender as necessidades de controle, logística ou até mesmo cumprir normas de alguma apólice de seguro de transporte para diversas empresas que trabalham com esse tipo de tecnologia e ser inserido a uma gerenciadora para atender a alguma operação específica.
A Ituran tem realizado investimentos para buscar excelência nos serviços e manter um custo acessível. De acordo com Côvolo, a empresa busca novos fornecedores e componentes, renegocia contratos de fornecimento e consegue uma boa redução nas operações, o que é imediatamente repassado para os custos de serviços. Acrescenta que a empresa atualiza os servidores, serviços de acesso, banco de dados e o desenvolvimento de novas funções.