O presidente do Setcesp, Tayguara Helou, falou com exclusividade para o Portal O Carreteiro sobre a influência dos caminhões no trânsito de São Paulo e importância do transporte de carga para o abastecimento da cidade.

Portal O Carreteiro: Quantos caminhões circulam diariamente na cidade de São Paulo?

Tayguara Helou : Segundo levantamento da própria CET, a frota circulante estimada de caminhões na cidade é de 200 mil caminhões por dia, o que corresponde a 2% da frota total de veículos, mas isso é uma medição muito complexa de se realizar, pois passam por São Paulo milhares de veículos sobre circunstancias operacionais diferentes uma da outra, o que torna o tráfego muito variável.

O Carreteiro: Qual a importância desses veículos pesados para a economia da cidade?

Tayguara Helou : Os caminhões são de suma importância e essenciais para a economia da cidade. Porém, ressalto que atualmente existe, em circulação, caminhões pequenos, médios e grandes, cada um desempenhando um tipo de operação diferente. O caminhão é responsável por quase tudo na vida da cidade, pois representa o modal prioritário que abastece as empresas de matéria prima para que produzam e o comércio para que a população possa consumir produtos, desde alimentos, medicamentos, materiais de ensino até artigos de lazer. Além disso, São Paulo é o principal hub de operação para muitas empresas e é, também, rota para produtos destinados a muitas outras cidades do Brasil.

O Carreteiro: Quais as principais dificuldades que esses veículos ofereceu para o trânsito da cidade?

Tayguara Helou : Os veículos pesados de carga são minoria na cidade. Hoje o caminhão é reconhecido como um instrumento importante para o abastecimento urbano, principalmente o VUC que foi dimensionado para cumprir este papel nos grandes centros.

O Carreteiro: A restrição foi bastante criticada pelos motoristas. Quais as melhorias obtidas com a restrição de pesados em São Paulo?

Tayguara Helou : Não houve nenhuma melhoria, pois o problema do trânsito da cidade não está nos caminhões e, sim, nos automóveis particulares. É humanamente impossível operar sem problemas na cidade de São Paulo, já que as decisões sobre a circulação de veículos de cargas tomadas nas gestões passadas foram políticas e não técnicas.

No SETCESP, elaboramos uma proposta completa para melhorar o Abastecimento Urbano de São Paulo. Propostas estas que são embasadas em três critérios que seguem a seguinte ordem de importância:

1 – Pessoas: pensar na segurança das pessoas, na mobilidade a pé, no bem estar e qualidade de vida;

2 – Transporte coletivo de pessoas;

3 – Transporte coletivo de cargas.

Isso porque quanto maior o caminhão, mais coletivo é este veículo. Quanto menor, mais individualizado. Obviamente que não defendemos as grandes carretas na Avenida Faria Lima no horário comercial, por exemplo, isso não faz sentido e não há infraestrutura local para tal, mas é preciso pensar na mobilidade de cargas com iniciativas inteiramente técnicas e apoiadas nos pilares acima, e não em decisões políticas.

O Carreteiro: O número de acidentes envolvendo pesados reduziu?

Tayguara Helou : Não há dados específicos de acidentes com veículos pesados, porém em outubro do ano passado, a CET anunciou a queda, pela metade, de acidentes com vítimas fatais nas marginais em relação ao período anterior (De julho de 2014 a junho de 2015, foram 64 acidentes com mortes, contra 31 ocorrências do tipo nos 12 meses seguintes, até junho de 2016. Com isso, a queda foi de 52%.).

Este número foi atribuído à redução de velocidade nas marginais pela Folha de São Paulo, contudo não se pode afirmar diretamente que este foi o motivo, pois houve uma redução significativa de movimentação de veículos de carga na cidade devido à crise econômica nacional e, isso, por consequência, explicaria grande parte da queda de acidentes já que há menos veículos circulando.