Desde a chegada do coronavírus no Brasil muitas coisas mudaram no dia a dia de todos os brasileiros. Na estrada não foi diferente. A realidade vivenciada pelos motoristas de caminhão está longe do habitual. Até mesmo as reclamações mudara. Antes lideravam a lista de insatisfação o preço alto do diesel, frete baixo e estradas sem conservação. Agora os caminhoneiros reclamam da falta de restaurantes, borracharia e se sentem inseguros diante da pandemia.

O cenário mais comum são estradas vazia. Com pouco ou quase nenhuma circulação de veículos de passeio. Fora isso, depois do decreto da quarentena serviços não considerados essenciais, entre eles restaurantes (que somente podem operar em sistema Delivery) e borracharia tiveram que fechar.mudança na estrada

Diante disso, trabalhar na estrada se tornou ainda mais difícil. São raros os locais que realmente se preocupam com a segurança e bem estar dos caminhoneiros. Algumas empresas se engajaram em campanhas para ajudar o motorista, através de distribuição de kits (ver a matéria) de alimentação, higiene e até distribuição de tags para o pedágio. Mas outras não se importam com a segurança desses profissionais deixando eles cada vez mais expostos ao vírus.

Vamos conhecer agora duas realidades diferentes. Uma de um motorista que esta há seis dias parado no pátio de uma empresa porém com toda estrutura. E outro que nos relata o medo de viajar por esse Brasil.

Luis Cesar dos Santos, Apucarama/PR

Luis estrada okLuis está parado há duas semanas dia na refinaria de Sal, em Mossoró/RN, esperando carregar. A estrutura é precária e se sente exposto a contaminação do novo vírus. “Não tem álcool em gel, máscara nada. Utilizo apenas os que eu tenho. Banheiro tem e o restaurante as refeições são caras. A minha sorte é que consigo cozinhar a minha própria comida. Ficamos aqui sem saber o dia certo de carregar”, desabafou.

luis patiook

Outra dificuldade é a falta de espaçamento entre os caminhões que dificulta a segurança dos motoristas. “Não tenho o costume de carregar sal geralmente carrego produto textil mas as empresas estão fechadas então como não tem carga optamos em carregar sal”.

 

Maurílio Medeiros De Alcantara, Salvador/BA

maurilioMaurílio está parado a seis dias em uma empresa na cidade de Timoteo/MG. Apesar do tempo de espera para carregar ele diz que se sente seguro e que o tratamento no local está sendo o melhor possível.

“Antes do motorista entrar no pátio, uma equipe verifica a temperatura e faz um cadastro com informações de saúde. Depois disso temos acesso ao pátio com sala de televisão, restaurante, banheiros limpos e álcool em gel para higienização das mãos. A todo momento um auto-falante orienta os motoristas a manterem distância segura uns dos outros. Uns obedecem, mas sempre tem aqueles que não acreditam na gravidade da situação”.

maurilio2Para Maurílio o mais importante é cada um ter consciência e se proteger como pode. Ele, por exemplo, utiliza máscara e sempre mantém distância de outros colegas. “Sai do Nordeste até Minas Gerais e só senti a estrada vazia. Agora estou indo para o Sul e vamos ver o que vai ser. Pedindo a Deus para voltar tudo ao normal”, declarou.