Assim como as marcas concorrentes, a Scania registrou um dos melhores anos de sua história no País, posicionada entre as três fabricantes que mais venderam caminhões pesados em 2019. Com a nova geração, formada por veículos mais competitivos que os da série anterior, a montadora aposta no crescimento das vendas em 2020 e se sente confiante e otimista, sobretudo porque em abril já começa a entregar as encomendas de caminhões movidos a gás
João Geraldo
Terceira no ranking de licenciamento de caminhões pesados no mercado brasileiro, com o registro de 12.669 unidades em 2019, a Scania do Brasil começou 2020 com o mérito de ser a número um em volume de vendas globais da marca. Dona de uma nova geração de veículos que por méritos recebeu boa aceitação do mercado, além da oferta de produtos e serviços pós-vendas alinhados com o que há de mais moderno no País, a montadora começou 2020 preparada para alçar voos mais altos, inclusive brigar pela liderança do segmento de caminhões pesados, no qual a disputa se apresenta cada ano mais acirrada.
Embora os emplacamentos de pesados tenha avançado 58% em relação a 2018, ano com 8.031 unidades licenciadas), o diretor comercial da Scania, Silvio Munhoz, disse que as vendas em 2019 poderiam ter sido maiores. Ele avaliou que o problema foi o preço da versão de 540cv da nova geração, faixa em que a concorrente Volvo criou um mercado cativo para conjuntos de 9 eixos. “Mas já corrigimos isso. Nosso caminhão tem mais torque além de ser mais competitivo, por isso acredito que vamos vender bem durante esse ano”, acrescentou.
O R 450 foi o caminhão mais vendido da Scania em 2019, com mais 5.000 unidades licenciadas, sendo 90% das vendas na configuração 6×2
O executivo está otimista em relação a 2020, porém com expectativas moderadas e fala em crescimento entre 10% e 15% do mercado de caminhões acima de 16 toneladas em relação a 2019. Já para o segmento só de pesados, em separado, a previsão é de um avanço de 20%, tudo porque há um cenário favorável da economia, especialmente no agronegócio e na retomada do consumo.
Munhoz também conta com o desempenho no mercado da nova geração, a qual, conforme reforçou, cumpriu o prometido de entregar até 12% de economia de combustível. “A promessa de ganho ambiental e econômica está se concretizando e tem muitos clientes superando os 12%”, frisou, destacando que a nova série contribuiu para a redução de 2,7 milhões de litros de diesel, a qual resultou em economia de R$ 10 milhões.
As vendas da marca em 2019 foram puxadas por ampliação e renovação de frotas e impulsionadas pelo segmento que transporta grãos. “Houve crescimento também do setor de cargas frigorificadas provocado pela importação de carne por parte da China. “Havia anos, que esse segmento não crescia”, lembrou Munhoz. Em 2020 as expectativas são de que o agronegócio impulsione novamente as vendas de modelos pesados, do mesmo modo que aplicações como carga fracionada e líquidos inflamáveis.
O R 450 foi o caminhão mais vendido da Scania em 2019, com mais de cinco mil unidades, das quais 90% são 6×2, enquanto a maior parte dos R 500 foi de 6×4. No geral, ano passado a marca vendeu 58% a mais que em 2018. Os 12.757 caminhões emplacados representaram o maior volume dos últimos cinco anos da marca no Brasil. Segundo informação da montadora, o segmento fora de estrada também registrou a maior alta de vendas dos últimos anos, com 1.314 unidades, o triplo dos licenciamentos em 2018.
O desempenho da Scania foi bom também na comercialização de programas de manutenção, presentes em 60% do veículos vendidos. Na comparação com o ano anterior houve aumento de 48% das vendas de programas, saltando de 10.749 para 15.950 veículos.
O mais vendido, segundo a Scania (47%) é o Flexível, aquele em que o caminhão avisa quando deve parar. “Essa solução que vem aumentando a rentabilidade do cliente comprova a maturidade do mercado”, disse Marcelo Montanha, diretor da área de serviços. Com a chegada da nova geração de caminhões a Scania ampliou o uso da conectividade em busca do aumento da rentabilidade e da disponibilidade dos veículos. Para 2020 a previsão é de um avanço de 33% nas vendas de programas de manutenção.
O Brasil é o maior mercado do mundo em serviços disse Montanha, acrescentando a expectativa da continuidade das adesões aos programas durante esse ano, podendo chegar a 21 mil veículos. Ainda de acordo com o diretor de serviços, os serviços conectados registraram 30 mil veículos ativos, dos quais 28.200 são caminhões e 1.800 ônibus com as opções de pacotes Análise (gratuito por 10 anos) e Desempenho, que é pago e mais completo. No mundo, a Scania possui 432 mil veículos conectados.
MOTOR A GÁS– Apresentado na Fenatran do ano passado, os caminhões a gás e a biometano começam a ser entregues em abril, conforme foi confirmado pela diretoria da Scania. “O começo das entregas das encomendas que estamos recebendo desde outubro é outra boa notícia, um passo a mais em nossa jornada na liderança para um sistema de transporte sustentável”, afirmou Silvio Munhoz.
Um modelo R 410 6×2 movido a GNV (Gás Natural Veicular) roda pelo Nordeste com a o Grupo HCL que em parceria com a Scania está levando esta opção de combustível à região transportando para a Solar Coca-Cola, segunda maior do sistema Coca-Cola no Brasil. O proprietário da HCL Herbert Cordeiro de Carvalho, contou que a empresa está fazendo testes com o caminhão a gás desde dezembro, em situações extremas, com terrenos arenosos, buracos, aclives, pistas irregulares e não precisou fazer qualquer manutenção até o final de janeiro.
“Sem dúvida, é um caminhão muito viável. O consumo do gás é muito similar ao diesel, mas o valor do gás em Pernambuco é mais acessível que em outros Estados, o que torna também o frete mais barato”, acrescentou o empresário. Silvio Munhoz disse que há testes sendo realizados em todas as regiões do Brasil com empresas parceiras da Scania. “O gás é uma aposta que a gente acertou”, concluiu. Outras empresas que estão rodando com caminhão a gás são: Unilever, Citrosuco, Pepsico, Usina Cocal, Usina São Martinho, Syngenta, Ambev, lembrando que o motor a gás opera no ciclo Oto (utiliza velas para produzir a combustão).