Dados do Ministério da Saúde mostram que a frequência de adultos que admitiram dirigir depois de beber foi de 6,7% em 2017, com variação pequena ao longo dos anos, sendo o menor índice em 2013 (5,2%) e o maior em 2016 (7,3%). O percentual é alto tendo em vista que o Brasil tem uma das legislações mais rigorosas do mundo sobre consumo de álcool e direção.

Para a coordenadora do CISA – Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, a especialista em dependência química Dra. Erica Siu, muitos mitos ainda precisam ser esclarecidos à população, como a quantidade de álcool ingerida e o risco para acidentes, o que torna os programas de prevenção essenciais no processo de sensibilização e conscientização dos motoristas, principalmente ao considerar que uma mudança de comportamento ocorre em longo prazo.

“As alterações provocadas pelo álcool no organismo constituem um fator de risco significativo para o aumento de acidentes de trânsito e para a gravidade de lesões e sequelas decorrentes desses acidentes. Por isso, é importante esclarecer que, mesmo em quantidades relativamente pequenas, a ingestão de bebida alcoólica aumenta o risco de envolvimento em acidentes”, destaca a coordenadora do CISA.

Confira cinco mudanças feitas na Lei Seca nos últimos 10 anos

Funções como visão, reflexos, capacidade de discernimento ficam comprometidas e comportamentos como excesso de velocidade e falta de uso de segurança são evidentes. Dra. Erica Siu  alerta também para a direção de veículos em episódios de ressaca. Estudo publicado em agosto no periódico Addiction2 indicou que a atenção e as habilidades motoras permanecem prejudicadas no dia seguinte à ingestão de álcool.

Outro ponto de relevância nessa discussão diz respeito à fiscalização da Lei Seca. Observa-se que, quando não há continuidade nas medidas fiscalizadoras, o impacto na redução de mortes viárias tende a desaparecer, apesar da existência de leis. Por isso, o CISA destaca a importância do aumento do número e frequência de blitze policiais e a ampliação das áreas fiscalizadas, uma vez que essas ações contribuem para que o motorista tenha a percepção clara de que poderá ser parado e submetido a testes para verificar a embriaguez.

Inclusive, o recém-divulgado Relatório Estatístico de Segurança Viária II – Álcool3, avaliou a efetividade das operações estaduais de fiscalização da Lei Seca, demonstrando que nos locais onde mais se fiscaliza, maior é a conscientização em relação ao álcool e direção, ou seja, nos estados com maior número de testes realizados, menor é a taxa de autos de infração emitidos.