Pesquisa realizada com motoristas de caminhão em três rodovias do Estado de São Paulo indicou que participantes que fizeram uso de álcool no padrão Beber Pesado Episódico (BPE) (consumo de 5 ou mais doses em uma única ocasião nos 30 dias que antecederam a pesquisa) cometeram mais erros e apresentaram pior desempenho nas tarefas apresentadas.

Dos motoristas entrevistados, cerca de 17,5% relataram ter consumido álcool pelo menos uma vez neste padrão nos 30 dias anteriores à pesquisa.

“Esses resultados mostram que o consumo de álcool tem um efeito negativo direto sobre o funcionamento da atenção e desempenho do motorista na condução”, avalia a Dra. Erica Siu, coordenadora do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), referência nacional sobre o binômio saúde e álcool.

A pesquisa apontou também que os motoristas que consumiram no padrão BPE demoraram três segundos a mais que os não-bebedores para responder a uma situação de risco durante a execução do teste.

O consumo de álcool, mesmo em quantidades pequenas pode:

  • Aumentar o risco de envolvimento em acidentes e compromete funções indispensáveis à segurança ao volante, como a visão e os reflexos;
  • Diminuir a capacidade de discernimento, estando em geral associado a outros comportamentos de alto risco, como excesso de velocidade e não uso do cinto de segurança

Apesar da Lei Seca o uso de  bebidas alcoólicas está entre as principais causas de acidentes em rodovias brasileiras. Só nas estradas paulistas, entre 2007 e 2016, mais de 3 mil acidentes tiveram como causa o consumo de álcool, segundo o Atlas de Acidentalidade no Transporte Brasileiro.

No Brasil, de acordo com pesquisa de 2012 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) o custo anual dos acidentes de trânsito é de cerca de R$ 40 bilhões, sendo aproximadamente R$ 30 bilhões referentes a acidentes em rodovias e mais de R$ 9 bilhões relacionados a acidentes em aglomerados urbanos. Os dados também revelam que o custo médio unitário de um acidente com morte em rodovia no Brasil é de mais de R$ 566 mil.