Dados do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), revelam que, entre 2009 e 2011, a compra brasileira de autopeças provenientes do mercado chinês saltou de US$ 467 mi para US$ 1,25 bi. O crescimento de 61,5%, em relação a 2010, levou a um déficit recorde de US$ 1,1 bilhão na balança comercial do setor.
Neste cenário, o órgão se mostra preocupado com a qualidade das peças usadas – tanto na reposição quanto na fabricação dos veículos. Por isso, até o fim do primeiro semestre deste ano, seis importantes peças (sistemas de direção – e componentes -, baterias e pneus) serão regulamentadas tecnicamente pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia).
A partir daí, os produtos – inclusive nacionais – só poderão ser vendidos após receber o selo do instituto, como ocorre com alguns produtos automotivos e brinquedos. \”Está havendo uma entrada muito grande de autopeças no Brasil de origem duvidosa, de má qualidade e que oferecem risco ao cidadão\”, afirma o diretor da Qualidade do Inmetro, Alfredo Lobo.
Atualmente, nove itens automotivos já são regulamentados. Até 2015, mais 11 autopeças deverão ser certificadas pelo Inmetro, entre elas buzinas e amortecedores.
De acordo com o assessor de segurança do Sindipeças (sindicato dos fabricantes de autopeças), Franklin de Mello Neto, o aço utilizado pelos chineses têm qualidade inferior aos usados no Brasil. \”Eles adicionam aço usado em vergalhões de construção. No Brasil, o aço cromo é o recomendado. Já as pastilhas de freio são feitas com pasta de papelão e liga.\”
Segundo Lobo, os testes vão incluir avaliações de impacto e resistência, entre outros, e atenderão normas internacionais que definem regras mínimas de segurança. \”Os fabricantes de autopeças nacionais e estrangeiros terão que investir para se adequar às normas e, com certeza, vão repassar os custos ao consumidor final\”, diz o engenheiro mecânico do IMT (Instituto Mauá de Tecnologia), Hiussen de Favari.
Ele afirma que a medida do Inmetro é positiva, uma vez que a entrada de autopeças da China obriga os fabricantes nacionais a baixar a qualidade dos seus produtos para ser competitivo. \”O grande desafio será conciliar qualidade boa e preço. No Brasil, se o consumidor quer mais segurança, ele ainda tem que pagar a mais por isso.\”
Em contrapartida, o Sindipeças disse que não haverá impactos nos preços oferecidos aos consumidores. \”Os custos serão diluídos e a indústria já está preparada para as exigências de qualidade\”, disse Mello Neto.

Fonte: Folha de S. Paulo