O diretor do filme “Deus é Brasileiro”, Cacá Diegues, acusou o governo de fazer “dirigismo cultural” ao mudar as regras para as estatais fornecerem patrocínio para projetos artísticos. Ele fez o pronunciamento em entrevista que foi publicada no jornal O Globo, no sábado (03/05), e afirmou que a atitude do PT lembra a prática da extinta União Soviética, quando o Estado patrocinava obras que estavam engajadas ideologicamente como determinava o regime. O episódio desencadeou uma crise no governo e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que os ministros Gilberto Gil, da Cultura, e Luiz Gushiken, da Secretaria de Comunicação do Governo (Secon), se reunissem com um grupo de artistas para tentar um entendimento. Gil afirmou que a polêmica não passou de um “mal-entendido”, e disse que o encontro com os artistas e depois com os representantes das estatais deverá “aparar arestas”. Garantiu, também, que as políticas da área cultural ficarão a cargo de seu ministério e não mais no controle da Secretaria de Comunicação. Gushiken negou que sua secretaria esteja patrulhando a produção artística. “As recomendações às estatais foram centradas na busca de maior transparência do processo de decisão”, afirma o ministro da Secon. Devido ao impasse, a BR Distribuidora, maior patrocinadora de cinema no Brasil, cancelou os financiamentos aprovados até 2005 de 86 produções cinematográficas. A empresa terá novos critérios de financiamentos fixados no segundo semestre. Até lá, manterá as liberações dos contratos já firmados, mas não analisará novas produções.