O chamado asfalto ecológico, alternativa considerada por especialistas como o \”futuro\” das rodovias e que leva de 15% a 20% de borracha oriunda de pneus usados, deve demorar a ser aplicado em larga escala no Brasil. O motivo deve-se ao alto valor cobrado para sua implantação, cerca de 30% mais caro que a tradicional mistura normalmente utilizada. De acordo com estudos, apesar de demandar mais investimentos em sua fabricação, a massa asfáltica com borracha é mais durável que a tradicional, o que pode compensar, em parte, os custos com a produção. A maior vida útil da pista também reduz a necessidade de gastos posteriores tanto em manutenção quanto recuperação. Esses benefícios têm atraído as concessionárias a investir em tecnologia para baratear os custos iniciais da fabricação e ampliar o uso do produto, como por exemplo, as empresas CCR e a EcoRodovias.
A primeira concessionária destinou R$ 3 milhões para abrir, há três meses, seu Centro de Pesquisas Rodoviárias. O objetivo da companhia é transformar a unidade em referência em pesquisas de novos tipos de pavimento. Segundo Décio de Rezende Souza, diretor de obras da CCR, embora não tenha estabelecido planos para aplicação do produto em 100% dos quilômetros administrados, a aplicação do asfalto-borracha vai crescer nos próximos anos. \”Isso não é uma moda. O uso [do asfalto ecológico em larga escala] é uma tendência em todo o mundo e ocorrerá no Brasil também\”, disse Souza. Ainda de acordo com o executivo, somente cerca de 15% das estradas sob concessão da CCR – que administra quase 2,5 mil km em todo o Brasil -utilizam o asfalto ecológico. Enquanto isso, a EcoRodovias – empresa que administra 1,5 mil km – possui 22% pavimentadas de massa asfáltica misturada à borracha. Para Filippo Chiariello, diretor de engenharia da EcoRodovias, o produto é interessante para as concessionárias, mas os custos ainda são um entrave. O asfalto-borracha custa R$ 1,4 mil por tonelada, frente aos R$ 1,1 mil do asfalto tradicional. \”Há muitos benefícios, mas nem todas as empresas estão dispostas a arcar com o custo maior\”. Outra dificuldade apontada por Chiariello são os poucos fornecedores de massa asfáltica disponíveis no mercado. \”Há cerca de cinco empresas habilitadas tecnicamente\”, diz o executivo.
Fonte: Valor Econômico