Pesquisa analisou o peso do chamado \”custo logístico\”
Em pesquisa inédita, a Fundação Dom Cabral analisou o peso do chamado \”custo logístico\” de companhias cujas cadeias dependem do transporte de bens. Segundo a análise, o transporte de longa distância é o que pesa no fim do mês, responsável por 38% do total, segundo apontaram as 126 empresas ouvidas.
O item engloba a manutenção de caminhões e reposição de pneus, um desdobramento das estradas ruins, e custo de combustível. O setor que mais sofre é o agropecuário, seguido do de construção.
“Os gastos com infraestrutura não são restritos às empresas, mas elevam os preços ao consumidor e minam a capacidade de a empresa investir”, diz Paulo Rezende, coordenador do núcleo de Infraestrutura e Logística da FDC. \”Alguém tem que pagar a conta\”, afirma.
Em um primeiro momento, são os consumidores que pagam quando as as empresas podem repassar os custos. Quando não podem, são obrigadas a diminuir a margem operacional e a cortar investimentos. Já as que não suportam o estrangulamento na operação transferem o custo para os produtores.
Apesar dos desdobramentos, o custo logístico não pode ser zerado. A questão levantada é quanto dele se deve a uma infraestrutura ruim. Para chegar à resposta, a FDC comparou a situação brasileira com a dos EUA, um país igualmente continental e com boa infraestrutura.
Enquanto no Brasil, a cada R$ 100 faturado, R$ 13,10 são custo logístico, nos EUA, são R$ 7,50. A diferença entre um e outro é a \”ineficiência da logística brasileira\”, diz Rezende. \”Os produtos do país já partem R$ 5,60 mais caros que os americanos.\”
A FDC calculou que o custo logístico representa 12% do PIB. A diferença entre esse nível e os 8% do PIB americano gastos com logística custa ao Brasil US$ 83,2 bilhões. \”Da porteira para dentro, a indústria brasileira moderniza e investe. Na hora que vai transportar, muitos dos ganhos são perdidos.\”
Depois dos gastos com estradas ruins, o custo de armazenagem e de distribuição urbana são os que mais pesam. Para reduzir os custos, 70,7% das empresas citaram como solução melhores ferrovias e que integrem-se a outros meios de transporte.
O alinhamento entre a demanda de empresários e a iniciativa do governo de privatizar ferrovias e estradas anunciada em agosto são \”coisa rara\”, afirma Rezende. Mas representa um avanço. O pacote prevê dobrar a extensão das rodovias e das ferrovias nos próximos cinco anos, a um custo de R$ 80 bilhões.
Da Folha de S. Paulo