Por Sergio Gomes

O número de montadoras vem diminuindo ao longo do tempo. Nos anos 60/70, o que se tinha eram fábricas de caminhões que vendiam a seus mercados com as necessidades locais em diferentes níveis de desenvolvimento. Os negócios eram reduzidos e, portanto, a competitividade não era exigida pela falta de concorrência. Nessa época, estamos falando de aproximadamente 80 montadoras espalhadas pelo mundo, sendo a maioria localizada no ocidente.

A partir dos anos 80, teve início um maior alcance das operações e algumas montadoras começaram a se destacar, ao mesmo tempo em que a competitividade ia ganhando importância maior no negócio. Para atender a essa nova demanda, comprar mais barato através do volume e produzir mais para reduzir custos passa a ser fundamental. A partir desse período, várias fusões ou compras ocorreram. Como alguns exemplos iniciais podemos falar da Daimler e Freightliner, Volvo e White, ambas nos EUA, Paccar também dos EUA, dona da Kenworth e Peterbilt e Foden (inglesa).

Nos anos 90 a consolidação aumenta com Renault, francesa e Mack americana, e na sequência Volvo sueca e Renault, Paccar e DAF holandesa; e nos EUA Freightliner, Western Star e Sterling (Daimler), entre outros.  Nesse período, a quantidade de montadoras era reduzida para algo em torno de 40.

A partir de 2000, com o crescimento dos mercados asiáticos, começa uma fase definitivamente global. Na Ásia, o Japão já fazia parte do grupo acima com as suas quatro montadoras. A Mitsubishi, agora com a Daimler, a Nissan Diesel (UD) com a Volvo, a Hino com a Toyota e a Isuzu, antes com a GM, agora com outras conexões.

O mercado mundial hoje está em torno de 2,5 milhões de unidades acima de 6 t, dos quais mais de 1 milhão só na China. Lá existem montadoras locais com grande capacidade de produção, que ao longo do tempo, com produtos mais modernos, irão buscar a internacionalização. Além da China, a Índia e outros mercados asiáticos são importantes, que juntos equivalem ao mercado da Europa.

Essas são razões para o surgimento de várias Joint Ventures (J/V ou empreendimentos conjuntos) com as montadoras ocidentais para ter acesso à tecnologia e do outro lado acesso a esses grandes mercados. Entre essas J/V, temos a MAN com a CNHTC (Sinotruck), a Daimler com a BAIC (Foton) e a Volvo com a DFCV (Dongfeng).

A próxima etapa do processo de consolidação, em torno de 10-15 anos, deve contemplar os grandes “jogadores” mundiais, que devem ficar reduzidos a pouco mais de 6 grupos e outras montadoras de grande capacidade com uma participação mais regional, incluindo mercados emergentes.

Numa próxima conversa podemos abordar capacidade de produção instalada e produção dos grandes grupos.

*Sérgio Gomes, sócio diretor da SG Consulting, é um profissional com larga experiência na indústria automotiva e mercado de caminhões, com destaque na área de Estratégia e Negócios