“O dono da carga é o dono da logística”. Foi assim que José Vicente Caixeta Filho, diretor da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), resumiu a importância do transporte e armazenagem para o agronegócio brasileiro. Segundo ele, “o déficit na armazenagem de cargas tem crescido nos últimos anos, há deficiência na capacidade instalada na propriedade. Entretanto, há expectativa positiva quanto às novas estruturas”.
A afirmação foi feita durante sua participação no 6º Encontro de Logística e Transportes da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que aconteceu nesta semana, em São Paulo. Na mesma ocasião, Luiz Antonio Fayet, consultor técnico da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), destacou ainda que é preciso discutir soluções para o transporte destes produtos pois “entre cinco e dez anos, o Brasil será o maior fornecedor de alimentos para o mercado internacional”.
Segundo o consultor, o “grande problema” brasileiro é o possível “apagão portuário”. Para ela, as rodovias garantem toda a movimentação de produtos agrícolas, mas há limitações ao tráfego por conta dos altos pedágios e, no caso das ferrovias, é preciso rever os contratos de concessão.
Entretanto, o mercado do agronegócio não é o único a sentir os reflexos dos gargalos logísticos brasileiros. Marcelo Perrupato, secretário Nacional de Política de Transporte do Ministério dos Transportes, admitiu que ao longo da história o planejamento dos transportes no Brasil teve uma lacuna muito grande, e isso se reflete em toda a economia. “Estamos pagando o preço de duas décadas e meia perdidas sem investimento no planejamento de transportes no Brasil”, ponderou. Segundo Perrupato, a visão do PNLT (Plano Nacional de Logística e Transportes) era de enxergar o Brasil como um todo. Porém, com algum tempo ficou claro que o País estava com taxas de crescimento para o futuro acima do normal no Centro-Oeste, Centro-Norte e Nordeste. O plano então, segundo ele, passou a ter planejamento em cima dos estudos que traziam essas informações. Na opinião do Secretário, o setor de logística brasileiro deve sofrer um forte processo de modificação nos próximos anos.