Se sair do papel, rota pelo Pará representará menos quilômetros rodados

A alternativa de escoamento de grãos que se desenha para os próximos anos, pelo Norte do País, poderá ter um impacto significativo no custo do frete para os produtores rurais do Centro-Oeste. A expectativa do setor é de uma redução média da ordem de 34% no custo do transporte da safra 2015/16, frente aos preços de hoje, uma vez que boa parte da colheita passará a ser levada pela BR-163 ou pelo rio Tapajós até os portos de Santarém e Vila do Conde, no Pará. Mais que isso: ao sair pelo Norte, o milho e a soja brasileiros poderão ser levados à Ásia pelo Canal do Panamá, em vez de dobrar a África, o que diminuiria em quatro dias o trajeto de ida e volta à China e em 20% o custo com transporte marítimo.

Dentro do território brasileiro, a nova rota de escoamento pelo Pará representará menos quilômetros rodados, fator que mais pesa na composição de preços do frete. Tomando-se como ponto de partida o município de Sorriso – importante polo de produção agrícola de Mato Grosso – isso significa uma economia de 700 a mil quilômetros de estrada, quando comparada à distância até os portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR).

\”Na safra 2012/13, o valor médio do frete ficou em US$ 133 por tonelada para Santos e Paranaguá, e a nossa projeção é que esse valor fique em cerca de US$ 88 por tonelada com o embarque via Pará, no momento em que os terminais da região estiverem em funcionamento pleno\”, diz Edeon Vaz Ferreira, diretor-executivo do Movimento Pró-Logística de Mato Grosso, formado por dez entidades, entre elas Aprosoja, Acrimat e Famato. \”Considerando os benefícios que a BR-163 trará, o produtor teria um ganho de R$ 3,00 por saca só com a economia no frete\”.

Para a redução ocorrer, porém, será preciso finalizar o asfaltamento da BR-163 até os pontos de transbordo. Grandes porções da chamada \”rodovia da soja\” ainda estão intransitáveis no período de chuvas. A lama se espalha de lado a lado na rodovia federal. Nos meses secos, os caminhões sofrem com lentidão por causa dos buracos e com o aumento dos custos operacionais – acidentes, tombamentos de cargas, desgastes do veículo e consumo maior de diesel. Segundo transportadoras ouvidas pela reportagem, estradas ruins como a BR-163 levam à perda média de 150 quilos de soja por viagem.

Do Valor Econômico