Empresa desistiu de se instalar no RJ, como havia anunciado
Após uma negociação repleta de avanços e recuos, a Foton Aumark oficializou a escolha pelo Rio Grande do Sul para sediar sua fábrica de caminhões. Ontem, dirigentes da empresa e o governador Tarso Genro assinaram protocolo de intenções que garante o investimento em solo gaúcho.
Em uma área de 150 hectares em Guaíba, a mesma onde a Ford se instalaria no final dos anos 1990, os chineses vão investir R$ 250 milhões para fazer veículos de até 24 toneladas. A obra está prevista para começar em até 60 dias, logo após a liberação da licença ambiental. A expectativa é de geração de 300 empregos diretos.
Dessa forma, chegou ao final uma novela que se arrastava por meses. No início, a companhia estava inclinada a fazer negócio com o Estado, mas, em seguida, anunciou a intenção de construir no Rio de Janeiro. Depois, voltou atrás e selou um final feliz com o Rio Grande do Sul. “Só iríamos para um local onde já tivesse uma indústria automobilística instalada e aqui há a GM e o polo metalmecânico de Caxias do Sul. Além disso, queríamos um terreno que não demandasse investimento grande em terraplanagem. Esses foram os atrativos do Rio Grande do Sul”, diz Luiz Carlos Mendonça de Barros, presidente da Foton Aumark, representante da Beiqi Foton Motor no Brasil.
O dirigente da Foton lembra que a área oferecida pelo governo fluminense possuía uma série de empecilhos para construção. Em meio a esse cenário, o Rio Grande do Sul voltou à carga nas negociações e fez ajustes na modelagem financeira de sua proposta. Como o aporte na fábrica será feito por meio de financiamento do Bndes, os chineses precisariam de um empréstimo-ponte até que o dinheiro fosse liberado. Isso porque a aprovação do pedido ao banco federal levará até um ano para se concretizar. “No início das negociações, estávamos discutindo com o governo um empréstimo com o Badesul. Só que o Badesul não tinha capital suficiente para fazer a operação e a coisa não deslanchou por causa disso”, explica Barros.
A intenção dos dirigentes da empresa é começar a produzir no final de 2015. No primeiro ano, devem ser confeccionados 21 mil veículos. A partir de 2018, a meta é chegar a 50 mil unidades anuais, com perspectivas de exportação para o Mercosul e a África. Para se enquadrar às exigências do programa Inovar Auto, da administração federal, os asiáticos aumentarão, progressivamente, a quantidade de peças brasileiras utilizadas na montagem dos caminhões. A iniciativa exige que pelo menos 65% dos componentes sejam nacionais.
Do Jornal do Comércio