Concessionários do Distrito Federal explicam os fatores que elevaram as vendas de caminhões nos primeiros meses de 2007

Desde o início deste ano, o setor de caminhões no Distrito Federal registra um crescimento expressivo, devido no primeiro trimestre de 2007 as concessionárias comercializarem 412 unidades, volume que representa alta de 96,2% em relação ao mesmo período do ano passado, época em que foram comercializados 210 caminhões.

Para Edson Maia, diretor do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos Autorizados do Distrito Federal (SINCODIV/DF), a alta é impulsionada pelo bom momento da agricultura e o acesso mais fácil ao crédito. \” Atualmente os bancos praticam taxas competitivas, o que ajuda no financiamento. Além das instituições financeiras privadas, o próprio governo vem liberando crédito para a aquisição de caminhões\”, complementa.

Nos dois primeiros meses deste ano o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) liberou 40,2% a mais de crédito para o financiamento de caminhões, totalizando R$ 803 milhões, pois em 2006 esse valor foi de R$ 573 milhões. Aliado a esse aumento, há também expansão do programa Procaminhoneiro, destinado aos motoristas autônomos, que permite o financiamento a pessoas físicas e microempresas.

De acordo com Adriana do Carmo de Souza, assistente de Vendas da Max Caminhões, o surgimento dessas linhas de crédito contribuem muito para o aquecimento desse mercado. \”Percebemos um aumento de pedidos da ordem de 20%, sobretudo de caminhões semi-pesados e pesados\”, explica.

No caso de Brasília, Adriana diz que a principal razão para esse crescimento é o setor de transporte de produtos alimentícios. \”Outro fator que contribuiu foi o aumento de cerca de 40% dos financiamentos realizados pelo BNDES e apesar de ser mais rigoroso na hora de liberar o crédito, as taxas são mais baixas, o que ajuda a alavancar as vendas\”, afirma.

Rogério Vilela, gerente comercial da Brasília Motors, também atribui o aumento da procura por caminhões em Brasília ao crédito facilitado. \”Hoje tenho um operador de mercado do Banco do Brasil trabalhando dentro da concessionária. Isso demonstra o amplo leque de opções de financiamento existente hoje no mercado\”, ressalta. Vilela estima que o crescimento na demanda chegou a 20% até o momento e a expansão na mineração e a melhora no agronegócio contribuíram diretamente para o aquecimento do setor em outras localidades, como em Cristalina, Luziânia, Posse, entre outras cidades.

Mas se a procura aumentou, a produção não acompanha esse crescimento. \”O problema é que as montadoras não conseguem atender aos pedidos prontamente e, atualmente, o tempo de espera para a entrega é de 60 dias. Existem casos das montadoras entregarem em 180 dias\”, disse Vilela.

O gerente de Vendas da Nasa Caminhões, Paulo Ney Carvalho, tem a mesma percepção de Vilela. \”As fábricas não conseguiram aumentar a produção de uma hora para outra. Ainda não consegui ter um incremento nas vendas proporcional ao grande número de pedidos\”, considera.
Carvalho e completa dizendo que as vendas de caminhões em Brasília são sazonais. \”Elas começam em março e vão até abril. O mercado naturalmente cresceria, mas o que surpreendeu foi o aumento rápido no número de pedidos, em torno de 15%\”, destaca.

De acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a tendência de crescimento é nacional. Nos primeiros três meses do ano, foram vendidos no País 20,8 mil caminhões, 19,4% a mais que o mesmo período de 2006. A pesquisa ainda revela que os veículos pesados e semi-pesados, próprios para o transporte de minério, cana-de-açúcar e soja, registraram vendas que somaram 5,8 mil unidades, 43,4% a mais que o ano passado.

Segundo Edson Maia, a perspectiva é de que o segmento continue em expansão até o fim do ano. \”As concessionárias planejam retiradas de caminhões até o final de 2007, ou seja, os empresários apostam em um crescimento maior do setor\”, finalizou.