O ano de 2015 foi marcado pela redução da movimentação de carga, do valor do frete e aumento do óleo diesel e das demais despesas que elevaram o custo do transporte rodoviário de cargas. As dificuldades atingiram tanto os profissionais autônomos quanto empregados e agregados, que trabalharam muito menos, passaram mais tempo parados em postos de serviço à espera de carga, com queda brutal no faturamento. De acordo com o presidente da Confederação Nacional do Transportador Autônomo (CNTA), Diumar Bueno, existem duas situações agravantes para o setor do transporte rodoviário de carga neste momento: uma é a falta de fretes devido à queda na movimentação econômica; a outra é o crescimento desproporcional da frota de caminhões. A explicação é do presidente da Confederação Nacional do Transportador Autônomo (CNTA), que afirma ainda que este ano o rendimento do motorista caiu em 30%, percentual baseado na oferta de cargas e na movimentação nas estradas. “Até as cargas segmentadas, como as líquidas e de cegonheiros, estão sofrendo depreciação de valores”, acrescenta.

Bueno disse que o aumento expressivo no número de caminhões lançados no mercado foi mais intenso a partir de 2012, justamente no período em que houve uma retração do PIB, causando, em grande parte, a crise pela qual passa o setor, com endividamento estimado em 40 bilhões de reais, conforme levantamentos feitos pelo setor de transporte. “Os programas de incentivo para a compra de caminhões novos, como o Finame e Procaminhoneiro, serviram apenas para incrementar as vendas dos fabricantes e não voltados para a renovação da frota”, explicou Bueno. Atualmente temos um excedente de 300 mil caminhões.

Em relação às expectativas, acredita que se a crise for estancada por ações econômicas do governo federal, não haverá recuperação imediata e será preciso aguardar mais um ano para o Brasil voltar a crescer. Ainda de acordo com Bueno, enquanto isso o motorista deve administrar ao máximo suas despesas e não se afundar num precipício de viagens com fretes sem qualquer rentabilidade. Isso porque a partir do momento que ele fizer isso, terá que apelar para os juros exorbitantes do cheque especial até começar a ter que se desfazer do seu patrimônio. “E o mais importante, o motorista tem de fazer valer os direitos já conquistados, como o pagamento do vale-pedágio e das diárias sobre estadia, entre outros”, explicou. Para Diumar, o autônomo deve tentar se organizar em cooperativas para poder negociar diretamente com o embarcador. “Outro passo importante é garantir junto ao governo que 50% das cargas movimentadas no País sejam transportadas pelos autônomos. Essa é uma das nossas principais reinvindicações”, finaliza.