Desde o dia 5 de março, data em que entrou em vigor a proibição do tráfego de caminhões da Marginal Tietê e outras vias das 5h às 9h e das 17h às 22h, os motoristas passaram a fazer filas no acostamento da Via Dutra aguardando o horário permitido para circular. O motorista Antônio Carlos Santos levou quatro dias para chegar a São Paulo e teve de ficar horas parado para conseguir entrar na cidade. “Pensei que poderia entrar por Diadema, mas tem restrição também. Por isso estou aqui parado”, contou. A partir das 22h, a situação muda – todos os caminhões seguem para as pistas para entrar na capital paulista, gerando lentidão. Motoristas de outros veículos reclamam do novo horário de pico e também do risco de acidentes causado pela invasão repentina dos veículos de carga na pista.Para fugir das restrições, muitas empresas têm optado por adquirir caminhões menores, chamados de VUCs (Veículos Urbanos de Carga). A mudança do perfil de veículos começou a ocorrer em 2008, quando todo o centro expandido da capital passou a ser restrito das 5h às 21h, e intensificou-se com as proibições nas marginais Pinheiros e Tietê e em outras 27 vias.Por conta disso, a venda desse tipo de veículo comercial foi a que mais cresceu (45%) na fabricante Iveco, por exemplo. Já na Kia Motors, o VUC respondeu por 28% das vendas na cidade em 2011 – em 2009, era 15%. Celso Salgueiro Filho, diretor administrativo da Expresso Mirassol, transportadora com sede em Guarulhos, destaca que desde que começaram as restrições, a empresa investiu cerca de R$ 20 milhões acrescentando 120 VUCs e outros 80 utilitários à frota de então 400 caminhões pesados. Agora a transportadora estima a troca de 20% a 30% dos caminhões por VUCs para o abastecimento dentro da cidade, principalmente se o prefeito Gilberto Kassab (PSD) mantiver a promessa de liberar o trânsito desse veículo em todos os horários.
Prós e contras – Embora tenha sido uma alternativa para as transportadoras, especialistas divergem sobre a vantagem da troca de caminhões pesados pelos de menor porte. Horácio Figueira, consultor em engenharia de tráfego e transporte, calcula que um caminhão com capacidade média de 20 toneladas tenha que ser trocado por cinco VUCs. \”Vai criar um efeito multiplicador que só tende a aumentar trânsito, poluição, acidentes e o valor do frete”. Já o especialista Sergio Ejzenberg diz que as vantagens do veículo mais leve compensam, como a facilidade que eles têm para estacionar e o fato de não ocuparem mais de uma faixa das ruas.A Secretaria Municipal de Transportes vê a substituição com bons olhos, porque os VUCs são menores, mais ágeis e têm acidentes de menor impacto para a cidade, segundo a pasta.

Fonte: G1 e Folha de S. Paulo