Por Alfred Szwarc

Os especialistas definem o RUÍDO como sendo todo tipo de som indesejável. É aquilo que, em linguagem comum, chamamos de BARULHO. O barulho incomoda e, dependendo de suas características, pode ser um inimigo da saúde. Barulho em excesso pode causar surdez de forma instantânea se for causado por algum evento extremo, como uma explosão perto do ouvido, ou pode reduzir gradualmente a audição até o nível de surdez, o que é comum em pessoas que trabalham ou moram em ambientes barulhentos e não têm como se proteger. Embora a surdez por si só já seja um problema de saúde sério, o excesso de barulho também pode causar aumento na frequência dos batimentos do coração e na pressão do sangue, falta de sono, cansaço crônico, irritação, problemas gástricos e falta de atenção, que contribuem para diversos prejuízos para a população.

Assim como ocorre com a emissão de poluentes atmosféricos, os veículos são considerados a principal fonte de emissão de ruído nas cidades e estradas. Nos caminhões ele é gerado principalmente pelo conjunto motor – transmissão – escapamento, pela movimentação dos pneus nas vias de tráfego, pelo arrasto aerodinâmico do veículo, pelo uso da buzina e, também, por determinados equipamentos adicionais, como, por exemplo, o sistema de refrigeração para o transporte de produtos perecíveis.

De modo geral, o ruído causado pelo tráfego de caminhões nas cidades é desproporcional ao gerado pelos automóveis, se levarmos em conta a quantidade de veículos de cada tipo. Isso se deve, em grande parte, às características de combustão por compressão do motor diesel, que gera mais ruído do que o motor com ignição por vela. Importante destacar que o tamanho dos motores que equipam os veículos pesados, e as características dos demais componentes dos caminhões, como o turbo, também contribuem para um ruído mais intenso. Em baixa velocidade, até cerca de 45 km/h, predomina o ruído do conjunto motor – transmissão – escapamento.  Em geral, esse tipo de ruído é mais crítico quando o caminhão está parado e é acelerado para ganhar movimento. À medida que ocorre o aumento na velocidade, o ruído de rolagem dos pneus ganha rapidamente importância e passa a ser a fonte predominante de ruído, em geral a partir dos 60 km/h.

Antes que alguém reclame que as motocicletas também fazem um barulhão “danado”, esclareço que isso é verdade, e envolve principalmente as motos da baixa cilindrada.  A razão nesse caso reside no fato de que os motores desses veículos ficam expostos, operam em rotações elevadas e o escapamento tem capacidade limitada de atenuação do ruído do motor.

Mas, voltando aos caminhões, esses veículos já atendem, desde 1993, às exigências de controle de ruído para veículos novos do Conselho Nacional do Meio Ambiente. Contudo, essas exigências estão desatualizadas face ao crescimento da frota de veículos em circulação e precisam ser revistas para que os veículos saiam de fábrica menos barulhentos. É curioso, mas esse assunto recebe pouca atenção das autoridades e da população, apesar das principais cidades do país se situarem dentre as mais barulhentas do mundo.

No Brasil falamos alto, ouvimos música alta, usamos a buzina indevidamente com frequência e, talvez por vivermos nessa cultura ruidosa, somos demasiadamente tolerantes com esse problema. Mas isso precisa mudar.

Será que o transportador pode fazer alguma coisa para que a situação não piore ainda mais?  Certamente há contribuições que são bem-vindas, como vou pontuar a seguir:

  • Ruído em excesso no veículo pode ser sinal de problemas mecânicos e desgaste de componentes. A manutenção preventiva, de acordo com as especificações do fabricante do automóvel, possibilita manter o ruído próximo aos níveis originais. Importante lembrar que como os veículos mais modernos vêm equipados com sistemas de controle de emissão de poluentes atmosféricos instalados no escapamento do motor, o veículo bem mantido vai gastar menos combustível e óleo lubrificante, emitir menos poluentes para a atmosfera e vai ter maior durabilidade;
  • Excesso de carga no caminhão, além de ser uma infração de trânsito, força o motor e a transmissão e gera mais ruído. Mas o prejuízo não para aí, pois essa prática resulta em desgaste prematuro de pneus e outros componentes e vem acompanhada de aumento no consumo de combustível, na poluição do ar e no aumento dos riscos de acidentes. Também provoca o desgaste e a deformação do pavimento das vias públicas o que contribui, num ciclo vicioso, à exposição do veículo a danos e desgaste antecipado, que geram mais ruído. Portanto, trafegar com excesso de carga é uma prática que, por todas as razões apontadas, deve ser evitada;
  • A forma de dirigir também interfere na emissão de ruído do veículo. Portanto, a dica é conduzir com tranquilidade, trocando as marchas corretamente, evitando acelerações bruscas e desnecessárias, especialmente se o veículo estiver parado em marcha lenta, e mantendo a velocidade de acordo com o limite da via e condições de segurança no trânsito.
  • A buzina é um equipamento de segurança importante do veículo. O seu uso indevido e prolongado deve ser evitado pois, além de contribuir para a poluição sonora, e ser uma atitude desrespeitosa com os demais, é uma infração de trânsito.
  • Dependendo do tipo, os pneus também podem causar barulho desnecessário. Já existem no mercado pneus com índice reduzido de ruído, então a dica é pesquisar com o fabricante do veículo ou do pneu qual o tipo menos ruidoso para a aplicação que se quer e adotar o produto.
  • Embora não seja responsabilidade do transportador, a qualidade do pavimento das ruas e estradas também impacta no ruído de rolagem do veículo. Cabe então ao transportador deixar de ser vidraça e passar a ser estilingue por meio da cobrança aos órgãos públicos responsáveis pela pavimentação e manutenção de vias o direito de poder utilizar ruas e estradas pavimentadas adequadamente e que gerem o menor ruído possível.

Achou interessante e importante? Espero que sim, para o bem da saúde e do bem estar. Então mãos à obra e faça a sua parte.

Colunista Alfred Szwarc