Criadores cearenses de bovinos, ovinos e caprinos têm sofrido com a falta de ração na região para alimentar seus rebanhos. De acordo com dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o número de inscritos do Estado para receber o milho saltou de 10 mil para 34 mil, mas estoques permanecem iguais.

Porém, segundo Flávio Saboya, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), o problema não é a falta do produto nos estoques da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mas sim de veículos para o transporte da carga.

Luiz Carlos Lima, secretário de política agrícola da Fetraece (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Ceará), diz que o frete do Mato Grosso do Sul e dos produtores do Sul para o Estado é muito caro. “E o Ceará não possui uma produção de interesse para devolver. Por isso, as transportadoras vêem prejuízo em retornar com caminhões vazios”, avalia. Segundo ele, existem ofertas mais vantajosas nos Estados vizinhos, que devolvem os caminhões carregados com outros produtos.

Para Lima, da Fetraece, o Ceará precisaria importar 300 mil toneladas/mês de milho. “Infelizmente, o que os produtores de milho têm para atender à demanda do rebanho do Nordeste é apenas 400 mil toneladas. Não dá”.

Enquanto isso, pequenos produtores estão vendendo seus animais a preços irrisórios. “Tem vaca que, em situação normal, seria vendida a R$ 1 mil e que está sendo negociada a R$ 100. Vendem para não ver o animal morrer de fome”, conclui.

De O Povo