Treinamento de motoristas a partir de funcionários recrutados dentro da própria empresa tem sido a saida para suprir a falta de profissionais do volante. A prática não é nova e nem exclusiva, pois trata-se de uma necessidade já adotada por várias transportadoras, especialmente para tornar os profissionais mais capacitados a atenderem suas expectativas na condução, principalmente nos quesitos economia de combustível e segurança, além de capacitação para manusear as novas tecnologias que envolvem o veículo e todo o processo logístico.
Para preparar profissionais capazes de atender suas demandas, a Rodonaves RTE, por exemplo, oferece o Programa Tração – Escola de Motoristas ministrado para funcionários de qualquer área da empresa que estejam aptos de acordo com as diretrizes do programa e queiram entrar na profissão. Nesta jornada, iniciada em 2010, a transportadora já formou mais de 200 profissionais, 45 deles no período da pandemia (2020-2021). profissionais.
Somente no primeiro semestre desse ano, a transportadora formou 56 novos motoristas, 12 dos quais receberam subsídio de CNH e outros 12 foram preparados para dirigir carretas. “Além da necessidade do motorista se adequar à demanda tecnológica, mais do que saber dirigir ele precisa saber operar os caminhões para um melhor desempenho, e por consequência mais competitividade”, afirmou o diretor de gente e gestão da RTE Rodonaves, Oswaldo Maia.
O objetivo do projeto é formar novos motoristas habilitados e contribuir com aqueles que têm como meta a realização do sonho de dirigir profissionalmente um caminhão de qualquer porte. É preciso também comprometimento, responsabilidade com as regras da organização e as tarefas designadas, cumprindo prazos, legislação e exigências de acordo com o que é transportado.
A empresa reforça que o objetivo do projeto é formar novos motoristas habilitados e contribuir com aqueles que têm como meta a realização do sonho de dirigir profissionalmente um caminhão de qualquer porte. A ação é também uma forma de incentivar e facilitar o ingresso de gente nova na profissão, a qual nos últimos anos tem sentido com maior intensidade a escassez de profissionais em diferentes partes do mundo.
Pesquisa aponta 2,6 milhões de vagas
De acordo com a última pesquisa realizada pela Organização Mundial de Transporte rodoviário, (IRU), em 2021 mais de 2,6 milhões de vagas para caminhoneiros não foram preenchidas nas regiões consultadas. O levantamento envolveu mais de 1.500 operadores de transporte rodoviário comercial de 25 países nas Américas, Ásia e Europa.
A expectativa é de aumento da escassez ainda esse ano em países pesquisados. A lista inclui os Estados Unidos, México, Argentina, Espanha, Itália, França, Reino Unido, Irlanda, Alemanha, Polônia, Romênia, Bélgica, Holanda, Rússia, Uzbequistão, Ucrânia, Turquia, Irã e China. O cálculo de vagas é baseado no número total de motoristas de caminhão em cada país e a proporção de vagas não preenchidas, segundo informações dadas por empresas de transporte rodoviário de cargas e entidades do setor.
Na Europa, por exemplo, as vagas de motoristas não preenchidas cresceram 42% em 2021, chegando a 100.000 no Reino Unido (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte); 80.000 na Polônia e 71.000 na Romênia. Ainda segundo a pesquisa, a falta de motoristas no México aumentou 30% e atingiu 54.000 no ano passado. Na, China, por sua vez, escassez cresceu 140% no ano passado e bateu a marca de 1,8 milhão, mas as empresas de transporte preveem pequenas melhorias.
Na maioria das regiões pesquisadas, os motoristas com menos de 25 anos de idade representaram uma pequena minoria da população, na casa de 6% ou 7% dos caminhoneiros. Já o número de profissionais com mais de 55 anos de idade chega a ser entre duas e cinco vezes maiores em todas as regiões, exceto na China e México. Nos Estados Unidos e na Europa, cerca de um terço dos caminhoneiros tem mais idade.
Revolução tecnológica
Oswaldo Maia destaca que o impacto da revolução tecnológica chegou para o motorista começando pela tecnologia embarcada nos caminhões e seguindo para os meios de comunicação, os quais oferecem aplicativos com soluções que trazem otimização, gestão e automação em todo processo logístico de entrega do pedido, o chamado last mile. “Com isso, vimos a necessidade de investir na atualização dos nossos profissionais e capacitar novos habilitadosque tenham condições de manusear essas novas tecnologias”, explicou.
O Brasil, por sua vez, convive há anos com a escassez de motoristas, mais sentida pela falta da especialização exigida pelas empresas de transporte, mas isso não exclui o fato de que a falta de renovação na profissão também e poderá piorar nos próximos anos. Isso porque a atividade não tem conseguido atrair quantidade suficiente de gente nova para suprir a demanda nos próximos anos. O desinteresse tem como principais causas as dificuldades de sobreviver do frete diante dos custos operacionais (caso do autônomo), tempo longe de casa e desgaste da imagem da profissão, entre outros motivos.