Para quem tem interesse pela história da indústria de caminhões no Brasil, no início deste mês de março a Volkswagen Caminhões e Ônibus completou 40 anos da entrega a concessionários de seus primeiros veículos de carga, os modelos 11.130 e 13.130.
Mais que a oferta de novos produtos ao mercado, era a estreia mundial da marca no segmento de veículos de carga pesados. As novidades iam além das fronteiras do Brasil, pois em outra parte alguma do planeta a Volkswagen produzia veículos comerciais pesados. A marca era conhecida mundialmente pelos seus automóveis de passeio, sendo a Kombi furgão seu principal e mais popular veículo de carga.
O trem de força dos primeiros Volkswagen era formado pelo motor MWM 229/6 e caixa de transmissão Clark de cinco marchas e eixo traseiro com uma ou duas velocidades. O 13.130 tinha diferenciais como chassi e embreagem reforçados, outras relações na transmissão, freio a ar e direção hidráulica, entre outras diferenças. Ambos os modelos eram disponibilizados em três opções de entre eixos.
Outros detalhes técnicos dos primeiros caminhões VW se estendiam ao chassi tipo escada, suspensão por molas semielípticas e amortecedores, freios hidráulicos com auxílio a vácuo e direção mecânica. As opções de cores eram amarelo, vermelho, azul e bege.
Em setembro do ano seguinte, a montadora ampliou a oferta de caminhões com os modelos para 6 toneladas de PBT. A linha leve chegou com duas opções de motor de diferentes fabricantes. O VW 680 era equipado com motor Perkins 4236 e o VW 690 com motor MWM 229/4. As duas versões utilizavam diferencial produzido pela Albarus e caixa de câmbio Clark.
Na ocasião, a maior parte da frota brasileira em operação era formada por caminhões bicudos, com capô sobre o motor. Modelos da Ford, General Motors, Mercedes-Benz e da própria Chrysler – adquirida pelo Grupo Volkswagen em 1979 para estabelecer a fábrica de caminhões no Brasil – dominavam o mercado.
Apesar de não ser ainda preferência da maioria dos transportadores, especialmente dos carreteiros, a cabine avançada já era bastante conhecida no mercado brasileiro.
FNM D-9.500 (lançado em 1951e outros modelos da marca que vieram depois), Mercedes-Benz LP (produzido a partir de 1958), Scania LK (lançado em 1976) e caminhões da Fiat Diesel, ainda em produção no início da década de 1980, marcavam o território dos cara-chata no transporte rodoviário.
No ano seguinte (1.982) a Agrale entrou no mercado de transporte com a produção de caminhões leves cara chata, em sua fábrica em Caxias/RS. Para fortalecer a tendência do perfil dos caminhões no País, em 1.985 a Ford lançou a linha Cargo. Era também uma grande novidade para o mercado, pois desde 1.957 a montadora produzia somente caminhões bicudos no Brasil.
Coma inauguração da fábrica em Resende/RJ, em 1996, a montadoras deu um grande salto em sua trajetória de fabricante de caminhões com a introdução do conceito Consórcio Modular de produção.
Dividindo a montagem dos veículos com fornecedores parceiros (fabricantes de eixos, suspensão, chassi, rodas, neus, pintura, fechamento da cabine etc) a empresa aumentou qualidade, reduziu custos e ganhou aumento de produtividade.
Nos anos seguintes, a Volkswagen lançou outros modelos como VW 790P, VW790S, VW 7110S, VW11,12, 12.140T e 14.140, VW14.210 e 16.210 com motorização Cummins. A produção de 100 mil caminhões foi alcançada em março de 1994 e em a montadoras assumiu a liderança do mercado brasileiro de caminhões pela primeira vez, após ter alcançado o posto de vice em 1999.
Um dos caminhões de maior sucesso na história da marca é o Titan Tractor 18.310, lançado em 2002. O modelo, para até 43,5 toneladas de PBTC, se destacou como o primeiro 4×2 na categoria até 350cv de potência e capacidade para tracionar 28 toneladas de carga líquida.
Seu trem de força era força formado pelo motor Cummins de 8.3 litros e 303cv a 2.200 rpm e caixa de transmissão ZF de 16 velocidades. Um dos pontos fortes do Titan Tractor era o preço competitivo comparado a modelos maiores e mais potentes de outras fabricantes.
Posicionado entre modelos semipesados e os tradicionais cavalos mecânicos mais pesados, o Titan Tractor 18.310 fez surgir um novo nicho de mercado de caminhões. Com o slogan adotado pela montadora desde o início de suas operações “Menos você não quer, mais você não precisa”, na época, o modelo dominou o mercado.
Projetou e fortaleceu a marca Volkswagen levando outros fabricantes de caminhões a lançarem cavalos mecânicos na faixa de 300cv de potência. Tal foi a aceitação do modelo que em 2005 a Volkswagen chegou atingir pico acima de 55% de participação no segmento que criou.
Em 2006, com a chegada da linha Constellation e as novas cabines, o VW 18.310 deixou de ser comercializado no Brasil, mas sua produção em Resende continuou para atender mercados externos como Nigéria, a Argentina, a Venezuela, o Chile e a Colômbia.
Atualmente a Volkswagen se posiciona como a segunda maior fabricante de caminhões no País, com 25.586 unidades licenciadas em 2020. Um dos mais importantes passos da VWCO em relação ao mercado brasileiro de caminhões nos últimos anos foi a estreia da linha VW Meteor no segmento de extrapesados, em setembro de 2020.
Disponibilizados com motores de 460 e 520cv de potência, os novos veículos se posicionam entre os cavalos mecânicos da família Constellation (até 420cv) e os MAN TGX 28.440 6×2 e 29.440 e 29.480 ambos 6×4.
Os 40 anos da Volkswagen Caminhões e Ônibus foram comemorados dia 10 de março, com a marca acima de 1 milhão de veículos produzidos, mais de 60 produtos e presença em mais 30 países da América Latina, África e Oriente Médio.