Manifestação ou greve geral dos caminhoneiros? Desde a última greve dos caminhoneiros, realizada em maio de 2018, que provocou desabastecimento em diversos setores econômicos do Brasil, a população brasileira fica insegura sempre que grupos de motoristas decidem protestar nas rodovias.
Desde o dia 7 de setembro, diversas informações passaram a circular nas redes sociais acenando sobre uma possível greve dos caminhoneiros. De fato, até o momento temos caminhões bloqueando alguns pontos do País. Atualmente (esse número é atualizado com frequência) , os bloqueios acontecem em 16 Estados. Porém, na maioria deles, carros de passeio, cargas e alimentos perecíveis, assim como ambulância, remédios, oxigênio, entre outros produtos essenciais, continuam com livre acesso. O único Estado que registrou desabastecimento e filas em postos de combustível foi o de Santa Catarina.
De acordo com a 6ª Superintendência Regional de Polícia Rodoviária Federal em São Paulo, nenhuma multa foi aplicada por não haver um bloqueio de fato da rodovia. Ainda de acordo com a PRF as negociações foram feitas dentro de um clima de diálogo e diplomacia entre a PRF os manifestantes.
É importante ressaltar que os atos não são reconhecidos por entidades de transporte. Alguma delas, inclusive, já se posicionaram contra as manifestações. Confira as notas emitidas oficialmente pela CNTA – Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos e NTC – Associação Nacional dos Transportadores de Carga. Ambas as entidades, assim como outras do setor, afirma repúdio ao movimento e aconselham Transportadoras e Autônomos a retomarem os seus trabalhos, para não prejudicar a economia do País.
Circulou também, um possível áudio do Presidente da República, Jair Bossonaro, pedindo aos caminhoneiros que não continuem com os bloqueios para evitar prejuízos na economia e possíveis desabastecimentos no País.
Confira na íntegras o posicionamento da CNTA e NTC
CNTA
A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos – CNTA – vem a público reafirmar que sempre apoiará as ações que refletem os interesses coletivos da categoria, com respeito à ordem pública, às instituições, às leis e à sociedade como um todo.
Em relação às manifestações anunciadas para acontecer no dia 07 de setembro, a CNTA compreende que trata-se de um dia de atos pelo país organizados pela população, convocados e divulgados nas redes sociais e em grupos de aplicativos de mensagens e que não carregam em seu escopo nenhuma reivindicação específica relacionada à atividade profissional do caminhoneiro autônomo.
No entanto, a entidade não pode se furtar de que o caminhoneiro autônomo antes de tudo é um cidadão brasileiro e, consequentemente, um sujeito de direitos e obrigações, detendo toda a condição de participar livremente na construção coletiva de uma sociedade mais justa, igualitária e solidária.
Desse modo, eventual participação de um caminhoneiro na manifestação do dia 07 de setembro representará a vontade individual desse cidadão brasileiro, que decide por si próprio exercer seu direito de livre manifestação e liberdade de expressão.
Por fim, a CNTA e todas as entidades coligadas, federações, sindicatos, associações e cooperativas representantes da categoria dos caminhoneiros autônomos sempre estabelecerão como premissas o diálogo, o respeito às leis, a ordem e o esforço conjunto, visando o desenvolvimento e o crescimento do país.
NTC
A Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística – NTC&Logística, vem manifestar total repúdio às paralisações organizadas por caminhoneiros autônomos com bloqueio do tráfego em diversas rodovias do País, por influência de supostos líderes da categoria. Trata-se de movimento de natureza política e dissociado até mesmo das bandeiras e reivindicações da própria categoria, tanto que não tem o apoio da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos.
Preocupa a NTC o bloqueio nas rodovias o que poderá causar sérios transtornos à atividade de transporte realizada pelas empresas, com graves consequências para o abastecimento de estabelecimentos de produção e comércio, atingindo diretamente o consumidor final, de produtos de todas as naturezas inclusive os de primeira necessidade da população como alimentos, medicamentos, combustíveis etc.
Esperamos que as autoridades do Governo Federal e dos Governos Estaduais adotem as providências indispensáveis para assegurar às empresas de transporte rodoviário de cargas o pleno exercício do seu direito de ir e vir e de livre circulação nas rodovias em todo o território nacional, como pressuposto indeclinável para o cumprimento da atividade essencial de transporte.
As empresas de transporte rodoviário de cargas, desde que garantido o livre trânsito dos seus veículos, terão condições de assegurar a continuidade do normal abastecimento em toda a cadeia de produção e consumo para a tranquilidade de todos.
A NTC deixa claro que não apoia esse movimento, repudiando-o, orientando as empresas de transporte a seguirem em sua atividade e orientando os seus motoristas para em caso de bloqueio ao trânsito dos seus veículos acionarem imediatamente a autoridade policial solicitando sua liberação.
FRANCISCO PELUCIO – Presidente da NTC&Logística