A expectativa é que o acordo seja renovado nas condições atuais por 12 ou até 18 meses

1561Em meio a dificuldades políticas e econômicas, Brasil e Argentina caminham para, mais uma vez, prorrogar o acordo automotivo, que regula o intercâmbio entre os países, e adiar o livre comércio. A expectativa é que o acordo seja renovado nas condições atuais por 12 ou até 18 meses.

\”Se prevalecer o bom senso, o acordo em vigor será prorrogado do jeito que está\”, disse um alto executivo de uma montadora. Outra fonte explica que há problemas \”técnicos\” e \”políticos\” travando a negociação e que não resta mais \”tempo hábil\”.

Os negociadores teriam pouco mais de três semanas para chegar a um novo acordo, já que o atual prevê o livre comércio no dia 1º de julho. A decisão deve ser anunciada até essa data. Uma reunião do Mercosul está marcada para o final deste mês.

Segundo fontes envolvidas no assunto nos dois países, o governo brasileiro \”não vê com maus olhos\” a prorrogação, enquanto o governo argentino também \”não vê com desgosto, desde que as negociações continuem\”.

Em vigor desde julho de 2008, o acordo automotivo tenta equilibrar o comércio e reduzir o prejuízo para os argentinos: para cada US$ 100 importados da Argentina em veículos e autopeças, o Brasil tem o direito a exportar US$ 195 sem pagar tarifa de importação. A expectativa é que essa regra seja mantida.

Na prática, esse limite está longe de ser atingido. No ano passado, o Brasil exportou para a Argentina US$ 9,1 bilhão em veículos e autopeças e importou US$ 8,1 bilhões, um superavit de US$ 1 bilhão. O Brasil poderia ter vendido até US$ 15,8 bilhões sem descumprir o acordo.

Segundo fontes do setor privado, as negociações estão travadas, pois não há clima político para concessões de ambos os lados. A presidente Cristina Kirchner está em uma situação econômica delicada às vésperas das eleições legislativas de outubro.

Já a presidente Dilma Rousseff tem de responder às críticas da oposição por conta do fraco crescimento e do aumento do rombo nas contas externas, o que dificulta concessões a Argentina.

O clima entre as duas também não é dos melhores. Na última reunião presidencial em Buenos Aires, no fim de abril, Cristina pediu \”mais integração produtiva\”, enquanto Dilma reclamou que a \”Argentina está importando mais de outros países em vez do Brasil\”.

Da Folha de S.Paulo