A partir de meados dos anos 90, os transportadores de carga brasileiros começaram a dar maior preferência aos caminhões com cabine avançada em todas as categorias de peso, devido ao fato oferecerem maior espaço para a plataforma de carga e poderem, portanto, carregar mais por viagem.
Por conta dessa mudança, não demorou para que as montadoras começassem a tirar da linha de produção os modelos conhecidos como “bicudos”, dando lugar aos “cara-chatas”.
A Mercedes-Benz também seguiu a regra do mercado, porém manteve em produção um modelo campeão de vendas, o L 1620.
O modelo foi mantido em linha com a mesma denominação até o final de 2011, na versão Euro 3, mas com a chegada da família Euro 5, em janeiro de 2012, com veículos mais modernos e eficientes, o tradicional semipesado com capô sobre o motor ressurgiu como Atron 2324 (com 3º eixo de fábrica), para a surpresa de muita gente do mercado que esperava que a Mercedes-Benz fosse aposentar o seu semipesado com cabine convencional.
As mudanças que deram uma nova cara ao veículo – e o deixaram com ar mais parrudo e moderno – foram muito além do nome. A grade frontal com aletas mais largas, e a estrela em maior tamanho, os faróis, parachoque e retrovisores redesenhados contribuíram para dar um ar de modernidade ao veículo, que recentemente teve a produção descontinuada.
O motor é uma unidade OM 926 que gera 238 cv de potência e período de troca de óleo a cada 75 mil quilômetros rodados
Porém, a principal novidade foi a substituição do motor OM 906 LA de 6 cilindros em linha e 231 cv de potência por uma unidade OM 926 LA, com a mesma litragem e 238cv a 2.200 rpm. Como os propulsores Euro 5, de todos os fabricantes de caminhões, o do Atron também é mais potente, econômico e oferece maior período para a troca de lubrificante, pois passou de 45 para 75 mil quilômetros utilizando com óleo mineral. Ainda de acordo com informações da fábrica, esse motor pode rodar até um milhão de quilômetros sem ser aberto.
Na condição de sucessor do L 1620, cuja cabine é de 1987, o Atron 2324 ganhou 3% de potência, 4% de torque e 13% a mais de cilindradas, porque para atender à legislação Euro 5 (Proconve P-7 no Brasil), os engenheiros da Mercedes-Benz tiveram de fazer alterações na câmara de combustão e pistões, entre outros componentes. No mais, o eixo traseiro (com a mesma coroa e pinhão) e a caixa de transmissão de 6 marchas sincronizadas são os mesmos componentes do L 1620. O entreeixos de 5.170mm também foi mantido.
Para sentir a performance do Atron 2324, a equipe da Revista O Carreteiro rodou com uma unidade cedida pela Mercedes-Benz, com baú carregado no limite legal chegando ao PBT de 22 toneladas. Cabe lembrar que devido à cabine convencional, o eixo dianteiro tem capacidade para cinco toneladas.
As diversas mudanças no interior da cabine deram resultado positivo para deixar o veículo dentro do padrão dos demais caminhões da marca. O novo volante, por exemplo, com quatro raios, ganhou melhor empunhadura, o banco do motorista tem amortecimento hidráulico e o painel de instrumentos passou a incorporar detalhes importantes, sendo
um deles o consumo instantâneo de combustível, além de outras informações
graças ao computador de bordo.
A facilidade para engatar as marchas e colocar o veículo em movimento é outro ponto positivo. A força do motor, mais do que suficiente para o PBT do veículo, é é perceptível logo nos primeiros metros percorridos. Projetado para operar na faixa econômica de 1.200 a 1.600 rpm, o propulsor tem torque que possibilita a condução com poucas trocas de marchas.
Na estrada, o trem de força bem dimensionado para o veículo revela porque seu antecessor fez tanto sucesso entre os transportadores em operações de transporte de cargas variadas, em trechos de curtas e médias distâncias e também em rotas urbanas.
E só para encerrar, itens como molas parabólicas no eixo dianteiro, baixo nível de ruído, o bom diâmetro do volante de direção e a facilidade de condução o mantêm como um caminhão com potencial para permanecer por muito tempo ainda no segmento de semipesados, apesar da maior preferência pelos cabine-avançada.
Confira a Ficha Técnica:
MOTOR | MB OM 926 LA – 7,2 litros Proconve P-7 |
Potência Máxima | 238cv a 1.200 rpm |
Torque Máximo. | 86,7 mkgf – 1.200 – 1.600 rpm |
TRANSMISSÃO | MB g 85-6 (Manual) |
Nº de marchas -Relações primeira/última | 6|6,70/0,73 |
Embreagem | Monodisco, diâmetro 395mm |
EIXO TRASEIRO | MB HL 5 NR4 |
Relações de eixo traseiro | i=4,88/6,84 (39:8) |
Opcional | i=5,63/7,89 (45:8) |
FREIOS | Ar comprimido, ABS |
Tipo. | Tambor |
Freio de estacionamento pneumaticamente | Câmara de mola acumuladora acionada |
Freio Motor | Convencional + Top Brake |
CHASSI. | Escada, rebitado – material LNE 50 |
Suspensão dianteira | Molas parabólicas com amortecedores telescópicos de dupla ação e barra estabilizadora |
Suspensão traseira | Tipo Balancim com molas trapezoidais e suspensor pneumático do 3º eixo |
Rodas | 7.50×22.5 7.50×20 7.50×22.5 |
Pneus | 275/80R22.5 10.00R20PR16 11.00R22.5PR16 |
Tanque de combustível | 210 litros ou 300 litros (opcional) |
Tanque de Arla 32 | 35 litros |
SISTEMA ELÉTRICO | |
Tensão Nominal |Bateria | 24 V (2X12)/100Ah |
Alternador | 28 V/80ª |
DIMENSÕES (MM) | |
Modelo | 2324/51 |
Distância entre eixos | 5.170+1.360 |
Comprimento total | 10.282 |
Largura | 2.428 |
Altura descarregado | 2.743 |
Bitola eixo dianteiro/eixo traseiro | 1.969/1822 |
Balanço Dianteiro/traseiro | 1.332/2.420 |
Ângulo de entrada (carregado com spoiler) | 15º16’ |
Ângulo de saída (carregado) | 17º39’ |
Altura teto da cabine ao chassi | 1.825 |
Distância mínima do centro do eixo à carroçaria | 1.430 |
Circulo de viragem de parede a parede | 21.500 |
PESOS | |
Eixo dianteiro 3.230 | Pesos admissíveis (legal) 5.000 /Técnico 5.000 |
Eixos traseiros 3.420 | Pesos admissíveis (legal 17.000/ Técnico 18.000 |
Total.………………………… 6.650 | PBT (legal) 22.000/ Técnico 23.000 |
Carga útil máxima mais carroçaria | (legal) 15.350/Técnico 16.350 |
João Geraldo, editor da Revista O Carreteiro, apresenta detalhes deste bicudo. Assista!
Texto João Geraldo
Fotos Alexandre Andrade