Equipes do governo Federal e do Estado de São Paulo começaram a destravar as negociações em torno do Ferroanel de São Paulo, tido como projeto estratégico do setor ferroviário, chegando à decisão de retomar a ideia original do projeto: a construção de um trecho de 66 quilômetros entre Campo Limpo Paulista (por onde passam os trens vindos de Campinas) e Engenheiro Manoel Feio (a caminho do porto de Santos). Trata-se do chamado Tramo Norte. Diferente da versão anterior, o novo projeto deverá seguir o traçado do Rodoanel Norte, a partir da estação Perus.
Ao que tudo indica, o processo de licenciamento ambiental poderá tramitar junto com o do trecho norte do Rodoanel. Prevê-se que 80% do traçado do anel ferroviário acompanhará o Rodoanel, que tem uma previsão de 150 metros de faixa de domínio (área de reserva nas laterais que evitam sua ocupação desordenada). Para o licenciamento ambiental estuda-se estender a faixa de domínio em mais 30 metros, dando espaço para a instalação dos trilhos. Além disso, sabe-se que haverá a necessidade de túneis e viadutos, já que as obras vão atravessar a Serra da Cantareira.
Atualmente, as composições de cargas da MRS Logística – concessionária que atua na região – só podem cruzar a Grande São Paulo durante as janelas de ociosidade nas operações de passageiros da CPTM (Companhia Paulista de Transportes Metropolitanos). Por conta disso, a própria MRS poderá financiar – ainda que parcialmente – a obra, orçada em mais de R$ 1 bilhão. Eduardo Parente, presidente da companhia, destaca que a construção do anel ferroviário tornaria viável o maior uso dos trilhos para o transporte de produtos como soja e açúcar para Santos. \”De 2,5 milhões de TEUs (contêineres equivalentes a 20 pés) que chegam ao porto, por ano, só 80 mil são transportados por ferrovias. Com o Ferroanel esse volume pode aumentar facilmente para 1,5 milhão de TEUs. Dá para tirar, tranquilamente, cinco mil caminhões por dia de circulação da cidade de São Paulo\”, assegura.

Fonte: Valor Econômico