Os faróis de xenon, ou de xenônio, que iluminam três vezes mais que os comuns podem representar uma ameaça aos olhos, pois com a falta de regulamentação kits de baixo valor foram importados da China. O problema é que o facho de luz dos faróis adaptados é direcionado no rosto das pessoas, aumentando o risco de acidentes e alterações oculares.

Para acabar com o problema, a Resolução 294 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) determina que a partir de 1 de janeiro de 2009 só podem trafegar com farol de xenon os veículos que tenham sistema de ajuste de altura das lâmpadas, de acordo com a inclinação das vias e limpador automático do farol, para evitar a dissipação da luz. A resolução também prevê que a única cor de luz permitida é a branca.

– Problemas na visão

De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, perito em medicina do trânsito e membro da ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego), o direcionamento no rosto do facho de luz desses faróis pode causar cegueira momentânea e a longo prazo lesões definitivas na retina provocadas pelo espectro azul. Só para se ter uma idéia, estudo realizado na Universidade Del Lavoro (Milão) aponta que o número de pessoas com degeneração macular relacionada à idade (DRMI), maior causa de cegueira irreversível no mundo, deve triplicar nos próximos 25 anos e tem como agravante a excessiva exposição à luz azul.

Além disso, ressalta que três em cada dez motoristas são portadores de fotofobia, aversão à luz, que aumenta o ofuscamento na claridade e diminui o reflexo no trânsito por funcionar como um gatilho que dispersa a concentração. A dificuldade de adaptação à luminosidade também tem como causas comuns o astigmatismo (vício de refração que deforma a córnea), catarata (opacificação do cristalino) e olho seco (redução da quantidade ou qualidade de lágrima). Com menor freqüência, diz, a fotofobia também é provocada por alergia, trauma ou cicatriz na córnea, inflamações e infecções. A recomendação do especialista para quem tem o problema é passar por consulta com um oftalmologista. A terapia varia de acordo com a causa

O especialista diz que quando a sensibilidade à luz é persistente, muitas pessoas optam por colocar película de insufilme no vidro dianteiro do carro, o que é proibido por lei. Apesar de aumentar a segurança pessoal é um erro, pois enxergamos através da luz e a visão influi na rapidez das decisões tomadas no volante. Além disso, a menor visibilidade reduz o senso de velocidade aumentando a chance de acidentes. Para motoristas que têm fotofobia, ele diz que o mais adequado é dirigir durante o dia com óculos escuros. No crepúsculo do entardecer, lentes âmbar são indicadas, inclusive para quem não enxerga bem, porque melhoram a visão de contraste. Já à noite, lentes amarelas reduzem o ofuscamento provocado pelos faróis.  No Brasil, cerca de 35% dos motoristas precisam usar lentes oftálmicas. A recomendação para quem permanece exposto ao sol por longos períodos é proteger os olhos do raio ultravioleta com lentes que filtrem 100% da radiação, pois o sol acelera a oxidação das células oculares aumentando a chance de contrair fotoceratite (inflamação da córnea), pterígio, catarata e degeneração macular.