Insatisfação com salário e falta de estrutura nas rodovias estão entre as principais causas da escassez de motoristas no Brasil e no resto do mundo. O problema conta ainda as condições de trabalho abaixo das expectativas e a falta qualificação profissional adequada entros dos padrões exigidos.
Trata-se de uma questão que se torna cada dia mais urgente de ser resolvida e atinge em maior intensidade as empresas de transporte. Aqui no Brasil, aos poucos muitas transportadoras estão já se conscientizaram da necessidade de oferecer melhores condições gerais para os motoristas. No entanto, o problema ainda é grande e traz preocupações para o setor.
MEDIDAS NA EUROPA
Na Europa, a A IRU (Organização Mundial de Transporte Rodoviário, em parceria com a ITF (Federação Internacional dos Trabalhadores em Transporte) lançaram um plano global para tentar corrigir a escassez de motoristas para preencher as vagas de trabalho.
Em 2022, cerca de 11 % das vagas não foram preenchidas no continente. Entretanto, a preocupação se estende à estimativa de que nos próximos três anos até um terço dos motoristas irão se aposentar em vários países. Além disso, o número de vagas não preenchidas poderá dobrar até 2026.
O plano da IRU e da ITF visa que a ONU (Organização das Nações Unidas) e organizações internacionais desenvolvam uma estrutura global para proteger motoristas não residentes, melhorar as condições de condução e aumentar a coesão social.
CONDIÇÕES DE TRABALHO DECENTES
O objetivo também é harmonizar os padrões de qualificação e de reconhecimento transfronteiriço. Isso porque tratando-se da Europa muitos motoristas trabalham fora do país de origem. A meta é garantir condições e padrões de trabalho decentes profissionais.
Pelo lado dos governos, cabe alterar e fazer cumprir os procedimentos de imigração de trabalho para proteger motoristas não residentes e reduzir a burocracia para facilitar a imigração legal para motoristas.
A proposta busca também aumentar o reconhecimento das qualificações de países terceiros através de acordos bilaterais, investir e aumentar a aplicação das leis e regulamentos de transporte rodoviário e subsidiar programas domésticos de treinamento e integração.
Aos transportadores rodoviários cabe o desenvolvimento de programas de integração operacional para que motoristas não residentes recebam as mesmas condições de sua força de trabalho nacional e apoio aos processos de formação, gestão de competências e certificação.
ESCASSEZ FORA DE CONTROLE
O secretário-geral da IRU, Umberto de Pretto, lembrou que a escassez de motoristas está ficando rapidamente fora de controle. Em sua opinião, equilibrar a oferta e a demanda global de trabalho por meio de medidas simples, para facilitar a imigração legal e impedir a exploração de motoristas não residentes, é uma maneira de resolver o problema.
Para o secretário-geral da ITF, Stephen Cotton, o transporte rodoviário só será capaz de atrair e reter motoristas se houver cooperação entre todas as partes interessadas e detentores de direitos para garantir trabalho decente, direitos trabalhistas e proteções sociais genuínas.
ENVELHECIMENTO DOS MOTORISTAS
Relatório da IRU de 2022 mostrou que o envelhecimento também está entre as principais causas da escassez de motoristas profissionais de caminhões e ônibus.
De acordo com o levantamento, o abismo crescente entre a aposentadoria e os novos profissionais deve triplicar a taxa de vagas de motorista de caminhão não preenchidas. Estima-se para mais de 60% até 2026 e o aumento em mais de cinco vezes para quase 50% até 2026.
O relatório avaliou seis países que representam dois terços do total do setor de transporte rodoviário na Europa e quatro países para o transporte de passageiros, representando 28% do total.