A Tora Transportes, com sede em Contagem (MG), 61 filiais no Brasil e quatro no exterior, virou um case de cliente de que está usando todo o potencial de serviços conectados Scania, contratos flexíveis de manutenção, oficina dedicada e treinamento de motoristas após a aquisição de 180 caminhões da nova geração. Além disso, a empresa criou a Tora Digital, por meio da TruckPad, para ganhar eficiência na contratação e gestão do trabalho dos motoristas autônomos (cerca de 2.000 por mês).

A compra dos caminhões foi realizada sem a entrega dos modelos 2013, cujo lote de cerca de180 unidades, geralmente com boa manutenção, a transportadora prefere vender para os motoristas agregados e autônomos. Para aqueles que têm um relacionamento mais antigo, a empresa oferece financiamento próprio em condições especiais.

Em 2018, a empresa já havia testado cinco caminhões com os novos motores XPI e atestado um ganho de 7% na redução de consumo ao comprar os modelos 2013 da frota da empresa.

Segundo Pedro Estrugiaki, diretor de operações da Tora, é esperada uma redução de 3% dos gastos com manutenção com a adoção dos contratos flexíveis. Neste tipo de contrato, o cliente paga somente pela quilometragem rodada no mês e as revisões programadas são marcadas conforme o uso do caminhão. Bem usado e com menor consumo de diesel, paga-se menos. O mau uso ou operações intensas e severas, paga-se mais.

Para com a nova geração, a empresa contará também com consultoria de treinamento de motoristas da fábrica e, com isso, a empresa espera aumentar a redução de consumo de 7% para 10% em comparação à frota antiga. Inclusive, a Concessionária Itaipu, que atende a Tora, colocou um gestor de frota dentro da transportadora para ajudá-los a tirar o máximo do potencial dos novos caminhões e o menor custo por quilômetro rodado. A concessionária também mantém uma oficina dedicada dentro da empresa, o que aumenta a disponibilidade dos caminhões evitando o deslocamento até a sede da Itaipu.

O investimento feito pela Tora na aquisição dos 180 caminhões é de quase R$ 70 milhões, o que dá um valor médio de R$ 388 mil por unidade, considerando que alguns custam mais caros e outros mais baratos. Dos R$ 70 milhões, cerca de R$ 25,9 milhões são de impostos embutidos no caminhão, como ICMS, PIS/COFINS, entre outros. No Brasil, de uma infinidade de impostos e taxas, o caminhão só isento de um imposto, o IPI.

Os 180 Scania

O lote é composto por 130 do modelo R 450 6×2 (preço médio no mercado de R$ 489.564, segundo tabela Fipe) e 50 unidades do R 500 6×4 (preço médio de R$ 523.000, também segundo a Fipe). A Scania não divulga o preço de seus caminhões pois são feitos de forma customizada pelo sistema TMA (Tailor Made Application). Porém, vale ressaltar que o preço real pago pelo cliente depende muito da capacidade de negociação do comprador e a quantidade envolvida.

80 unidades dos Scania já foram entregues, outros 20 serão entregues até outubro e os outros nos meses seguintes. Os caminhões usados da Tora não entraram na negociação. A frota total de 402 caminhões (85% da marca Scania) e, na medida que os novos começam a operar, os usados são colocados à venda, preferencialmente, oferecidos aos transportadores agregados e autônomos.

A Tora Transportes foi fundada em 1972 e teve um faturamento de R$ 675 milhões em 2018 e projeta um crescimento de 14% para este ano. Deste faturamento, R$ 103 milhões foram para pagar impostos ao governo.

Segundo o vice-presidente da transportadora, Edson Fernandes, 30% do faturamento são gerados pela frota própria, 40% dos transportadores agregados (cerca de 850 ativos) e 30% dos carreteiros autônomos (cerca de 2.000).

Segurança

Além de caminhões modernos, tecnologias de monitoramento, rastreamento, a empresa adotou este ano uma nova tecnologia que monitora o comportado do momento por meio de câmera na cabine para detectar fadiga, uso de celular ao volante ou falta de atenção na condução. Com uso de inteligência artificial, é gravado o comportamento padrão e correto de cada motorista (tempo normal que pisca o olho, movimentos da cabeça etc.). A partir disso, a câmera capta imagens ao tempo todo e, se algo ocorrer fora do padrão, como usar celular, um piscar mais lento ou bocejo que indica fadiga ou não olhar para a estrada, o sistema grava a imagem e emite um sinal de alerta para o motorista para o coordenador na sede da Tora. Dependendo da ocorrência, é solicitado o motorista para descansar ou ele é chamado para reciclagem. A tecnologia já esta instalada em 50 caminhões e o objetivo é que ela esteja em 100% da frota própria.