Diante da velocidade em que ocorrem as transformações no segmento do transporte rodoviário de cargas, possivelmente os caminhoneiros de algumas décadas à frente do nosso tempo avaliem a atividade dos exercida hoje pelos autônomos como atrasada e repleta de dificuldades. Muitos desses carreteiros nem nasceram ainda, mas certamente ouvirão falar ou ler algo a respeito da carta frete, caminhões a diesel, acidentes nas rodovias, ladrões de caminhão e de carga, estradas perigosas, frota que polui, rodovias sem infraestrutura e dificuldades com o frete, entre outras realidades bastante conhecidas.    

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Essa visão, apesar de coerente, também traz com ela a dúvida se os avanços esperados vão melhorar a vida do motorista de caminhão. Hoje, por exemplo, é visível que as mudanças ocorridas no setor nas últimas cinco décadas trouxeram melhorias, embora haja ainda muito saudosismo na estrada. Porém, baseado nos avanços já conhecidos, é de se esperar um futuro mais amigável para a profissão e os profissionais do futuro.

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Somos uma empresa de transporte, não um agenciador de carga que faz a intermediação entre a indústria, transportadora
e o caminhoneiro, afirmou Ivan Ferreira, da UpperTruck

Na opinião de Ivan Ferreira, profissional há quase 20 anos do ramo do transporte rodoviário de cargas e fundador da transportadora digital UpperTruck, criada há sete anos, sem dúvida haverá melhorias para o motorista de caminhão. Para ele, a cultura de aprendizado tende a evoluir entre os profissionais do volante, e por conta disso haverá em breve uma estreita distância entre a categoria e as tecnologias.

Ferreira apostou na tecnologia para criar a plataforma digital, a qual hoje conta com mais de 400 caminhoneiros em com maior atividade, e entre 15 e 20 clientes embarcadores, sendo alguns têm com maior frequência, de três a cinco cargas por semana. A UpperTruck é diferente dos aplicativos de carga, conforme disse. “Para o embarcador somos o transportador e para o autônomo somos a transportadora atendendo a um mercado novo, a logística 4.0″, explicou,  frisando que sua empresa é uma transportadora de cargas e não um agenciador que faz a intermediação entre a indústria, transportadora e o caminhoneiro.

Ele reforçou que não existe a possibilidade de um agenciador se cadastrar como se fosse embarcador. Também não é possível que tenham acesso aos dados da carga ou do motorista, porque o banco de dados pertence à transportadora digital UpperTruck. Garante que a sua plataforma é segura para os motoristas que queiram transportar, sem o risco de a carga não existir – como tem reclamado os motoristas de estar acontecendo com os aplicativos de frete.

Conforme reafirmou, o seu cliente dono da carga é a própria empresa embarcadora, e, a UpperTruck como transportadora de carga reúne os principais componentes necessários à operação do transporte, como um tomador de carga, um transportador autônomo e alguém que formalize esse casamento”, acrescentou.  Ele destaca que existem no mercado milhares de empresas e profissionais, por isso é preciso haver o compromisso de assumir as responsabilidades civis, criminais e pelo perfil do transportador antes da saída da carga. Isso porque o carreteiro cadastrado na transportadora digital transporta em condições análogas à de um motorista de carro Uber. “É o verdadeiro padrão Uber. Só não temos ainda um pagamento dentro da plataforma, mas é coisa que precisa ser desenvolvida”.

Na prática, a empresa opera do modo como as transportadoras fazem há décadas. “Elas têm um cliente, ou uma indústria com necessidade de transporte e consegue alguém para fazer o trabalho. A diferença é que hoje tem a tecnologia, a qual ampliou os horizontes, porque você não necessita mais estar fisicamente no local para que as coisas aconteçam. Você precisa simplesmente de um cliente que tem uma necessidade de transporte e um transportador autônomo”, explicou.

Para o carreteiro trabalhar para a transportadora digital é normal haver, numa primeira fase, os procedimentos para identificação de seu perfil, tais como uma “selfie”, fotos do caminhão e dos documentos. “E numa etapa seguinte é feita a verificação do gerenciamento de risco, homologado, por empresas como a Buonny e Pamcary. Com essas informações podemos considerar o carreteiro um profissional apto para fazer o transporte das nossas cargas”, explicou.

Ainda de acordo com Ivan Ferreira, tudo é gerenciado por GPS e uma plataforma mobile, a qual é também uma ferramenta que pode ser associada à segurança do autônomo que está sempre conectado durante a viagem, conforme destacou. Ele lembra que hoje é muito caro para o caminhoneiro pagar mensalmente um plano de rastreamento, sem contar o custo de instalação do kit.  “Como no sistema de “uberização”, o motorista tem acesso ao contrato de transporte e pode tirar foto do canhoto na hora que a operação termina. Tudo é acompanhado on-line pelo cliente por meio de uma plataforma, após ter recebido um código e um usuário”, detalhou.

O aplicativo da UpperTruck é encontrado apenas na loja do Play Store (smartphones Android). Ivan Ferreira reconhece que o nome UpperTruck apresenta certa dificuldade para ser pronunciado, porém ele explica que isso se deve a tendência tecnológica norte-americana, mas disse que não há qualquer problema na pronúncia errada. “O importante é o motorista saber para que serve, porque existe hoje muita ociosidade na frota de caminhões e nós procuramos vender mais oportunidade e menos ociosidade para o motorista de caminhão autônomo”, concluiu.  A empresa trabalha com caminhões que vão desde VUC a carretas, exceto as graneleiras.