Um levantamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF) revela um aumento alarmante nas mortes e nos acidentes envolvendo caminhões e ônibus nas rodovias brasileiras. O estudo apontou uma elevação de 26% no número de vítimas fatais e de 15% nos sinistros envolvendo esses veículos, em 2024, destacando uma crescente preocupação com a segurança no trânsito. Em 2024 foram 3.291 mortes em acidentes com caminhões e ônibus contra 2.611 registrados em 2023. O levantamento, feito a pedido da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra), revela, ainda, que os veículos pesados foram responsáveis por 28% dos sinistros de trânsito, mas causaram quase metade (46%) das mortes nas estradas federais brasileiras.
O crescimento dessas estatísticas com acidentes envolvendo caminhões reflete a urgência de medidas mais eficazes para prevenir acidentes e proteger motoristas e passageiros. Um dos fatores considerados de extrema importância para ser revisto é a flexibilização das leis de trânsito que, em 2020, igualaram motoristas comuns motoristas profissionais.
“A extensão do prazo de renovação da CNH para 10 anos para motoristas profissionais reduziu drasticamente a frequência de avaliações médicas e psicológicas cruciais. Esta mudança deixou uma lacuna perigosa na detecção de problemas graves como depressão, dependência química e deterioração da saúde física e mental dos condutores. Além disso, a forma e a periodicidade dos exames toxicológicos permite que o motorista escolha quando realizar o teste, comprometendo seriamente a integridade do processo de avaliação”, comenta Alysson Coimbra, diretor científico da Ammetra.
O resultado desta combinação de fatores é alarmante: veículos cada vez maiores e mais pesados, verdadeiras armas letais, nas mãos de condutores sem o devido acompanhamento médico e sujeitos a uma fiscalização insuficiente. “O resultado dessa política é a tragédia que aconteceu em 21 de dezembro passado na BR-116, em Teófilo Otoni. Um motorista, dirigindo sob efeito de um coquetel de drogas, álcool, cocaína, ecstasy e antidepressivos, com CNH cassada, carregando excesso de peso e dirigindo em alta velocidade, causou uma tragédia que matou 39 pessoas. Este incidente trágico é um grito de alerta para a necessidade urgente de mudanças. Não podemos continuar assistindo a isso inertes”, observa Coimbra.
Acidentes envolvendo caminhões: qual solução mais viável?
Especialistas em segurança viária destacam que, entre as propostas para reduzir essas mortes, estão o retorno do prazo de validade de 5 anos para a CNH de motoristas profissionais; a implementação de exames toxicológicos anuais com datas aleatórias para motoristas das categorias C, D e E, e um aumento significativo na fiscalização nas estradas e pontos de embarque de cargas.
É imperativo que as empresas de transporte assumam maior responsabilidade sobre seus motoristas e veículos, e que as autoridades intensifiquem as operações de fiscalização. “A segurança nas estradas brasileiras não pode continuar sendo comprometida. É hora de ação decisiva para salvar vidas e reverter esta tendência trágica que assola nossas rodovias”, completa Coimbra.
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