A insegurança na estrada está entre os principais motivos de reclamação por parte dos caminhoneiros. Para eles, profissionais que vivem toda esse clima de medo no dia a dia na estrada, alguns fatores tiveram importância no crescimento dessa insegurança, além de serem responsáveis por afastar os jovens da atividade. Entre eles estão o aumento do número de roubo de carga no Brasil, falta de fiscalização nas rodovias, ausência de pontos de paradas com infraestrutura adequada para o profissional cumprir a lei do Tempo de Direção, crise econômica – que provocou aumento do número de desemprego e, a baixa fiscalização e policiamento na estrada.

A última pesquisa CNT Perfil dos Caminhoneiros realizada pela CNT – Confederação Nacional dos Transportadores- confirma que a ausência de segurança na estrada é sim um dos pontos negativos da profissão. Segundo o documento, 65,1% dos profissionais entrevistados consideram como ponto negativo o fato de a atividade ser perigosa/insegura. Com relação à segurança, 7% dos caminhoneiros informaram ter tido seu veículo roubado pelo menos uma vez nos últimos dois anos. Outro dado significativo é que 49,5% dos profissionais já recusaram viagens por conta do risco de roubo/assalto durante o trajeto. A pesquisa também revela que 64,6% dos caminhoneiros consideram os assaltos e roubos como o principal entrave à profissão.

Roubo de carga cresce e aumenta insegurança na estrada

Os roubos de cargas cresceram 1,7% em 2021, segundo dados da assessoria de segurança da Associação Nacional de Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística). Foram 14.434 casos registrados ano passado contra 14.159 em 2020. Trata-se do primeiro aumento de ocorrências desde 2017.

De acordo com o levantamento, a maioria dos casos foi registrada na região Sudeste, com 82% das ocorrências, seguido pelo Sul (6,82%), Nordeste (5,44%), Centro-Oeste (3,66%) e região Norte (1,42%). Segundo a NTC&Logística, somados os valores de cada uma dessas regiões, o prejuízo foi de aproximadamente R$ 1.270 bilhões.

Para o vice-presidente de segurança da entidade, Roberto Mira, boa parte o crescimento de ocorrências de roubo de cargas em 2021 ocorreu devido ao retorno da atividade econômica, prejudicada por conta da pandemia. “A volta das atividades inevitavelmente aumentaria o fluxo de mercadorias nas rodovias e, por consequência, dos roubos e dos furtos de carga. Sobretudo com a inflação elevada, por causa de fatores internos e externos, certos produtos ficaram muito valiosos e atrativos para os grupos organizados”, afirmou.

Ainda de acordo com o vice-presidente de segurança da NTC&Logística, a resposta para os problemas atuais é a mesma dos anos anteriores: o fortalecimento da ação dos órgãos de segurança pública e do relacionamento deles com as empresas do setor e de suas entidades representativas.

Falta de locais de parada contribuem para a insegurança na estrada

Em vigor desde abril de 2015, a Lei 13.103/2015, conhecida como Lei do Motorista, foi instituída para regulamentar a rotina e disciplinar a jornada de trabalho e o tempo de direção dos motoristas profissionais de transporte de cargas. Porém, desde que foi implantada os caminhoneiros questionam de que maneira poderão cumprir a lei se nas estradas são raros os locais com estrutura adequada para recebe-los. A maioria ainda utiliza os postos de combustíveis para fazer as pausas. Porém, são obrigados a abastecer para poder pernoitar e, mesmo assim, não recebem nenhuma garantia de segurança.  O principal motivo é a circulação de veículos e de pessoas durante o dia inteiro.

É muito importante que o caminhoneiro, principalmente o autônomo, faça um roteiro antes de iniciar uma viagem. Nesse roteiro deve ser estabelecido pontos estratégicos de paradas para as refeições e descanso e informações sobre o local. É essencial também verificar , os postos de combustíveis, borracharias, mecânicas, que existem na rota a ser seguida. Assim algumas situações de riscos poderão ser evitadas e a viagem poderá ficar um pouco mais segura.

Baixa fiscalização e policiamento deixa o caminhoneiro inseguro

Muitos caminhoneiros reclamam da falta de fiscalização nas estradas. O fato aumenta a oportunidade de ocorrências como o roubo de carga, sequestro de caminhoneiros, ações pontuais de bandidos em postos de serviços e até mesmo na estrada durante congestionamentos. Os motoristas acreditam que se o policiamento fosse mais eficaz em pontos de concentração de caminhões inibiria as ações de bandidos. A falta de fiscalização também contribui para aumentar o número de acidentes das rodovias. Outro fator que provoca a insegurança nos caminhoneiros.