Qual o perfil do caminhoneiro atualmente? A profissionalização do setor aumentou as exigências por parte dos embarcadores e transportadores, o que resultou em uma mudança no comportamento dos caminhoneiros para se manterem competitivos no mercado. 

De acordo com Pesquisa CNT, realizada com 1.066 caminhoneiros (autônomos e empregados de frota), em todas as regiões do Brasil, o caminhoneiro tem idade média de 44,8 anos e tempo de profissão de 18,8 anos. A renda mensal líquida média é de R$ 4.609,35, rodam em média 8.561,3 quilômetros por mês e trabalham, em média 11,5 horas por dia.

Em relação aos pontos positivos da profissão, 37,1% falaram sobre a possibilidade de conhecer novas cidades ou países, 31,3% conhecer pessoas e 27,5% ter horário flexível. Em relação aos pontos negativos, 65,1% falaram sobre os perigos e inseguranças da profissão, 31,4% desgaste e 28,9% convívio familiar. Para 50,4% o baixo ganho é uma ameaça ao futuro da profissão seguido por baixa qualidade de infraestrutura (20,9%) e ausência de qualificação adequada (15,6%).

Os dados retratam algumas das dificuldades enfrentadas pelos caminhoneiros. Porém, a lista é ainda mais longa, e inclui frete defasado, valor alto do diesel, falta de infraestrutura, roubo de carga e, principalmente, desvalorização. Na pandemia, algumas situações como falta de locais para se alimentar, fazer paradas seguras ou fazer a manutenção do caminhão agravaram ainda mais a situação desses profissionais.

Qual perfil do caminhoneiro atualmente se destaca no mercado?

O perfil do caminhoneiro que se destaca no mercado de fretes não é mais aquele de anos atrás. Durante muitos anos a profissão era herdade do pai ou algum parente próximo que ensinava o básico ao jovem motorista que tinha a ideia romantizada da profissão, baseada na sensação de liberdade e da possibilidade de conhecer diversos lugares e pessoas.

Atualmente esse perfil de caminhoneiro não encontra muito espaço dentro de um mercado que se tornou muito mais competitivo. Hoje o motorista é quase um universitário formado, pois as inovações exigem adaptação como fazer treinamentos. Para Marlon Maues, assistente executivo da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), o impacto da revolução tecnológica chegou para o motorista autônomo como em todos os segmentos. Começando com incremento da tecnologia embarcada nos caminhões e também os meios de comunicação como a internet e soluções por ela trazidas com o Whatsapp, Facebook e Instagram.

“Além da necessidade dos motoristas terem de adequar seus caminhões a essa demanda, também se fez necessária capacitação profissional, desde como operar os caminhões para um melhor desempenho – e por consequência maior competividade – até a lidar com celular, aplicativos e também  adquirir habilidades de relacionamento e comercial para gestão do seu negócio”, explicou.

Especificamente sobre o carreteiro autônomo, o assistente executivo da CNTA reforça que o profissional não pode mais ter a mesma cultura de anos atrás, quando ele aprendia a dirigir e seguia na profissão. “Hoje é preciso estar mais capacitado. O caminhoneiro autônomo é um prestador de serviço e como outros profissionais prestadores de serviço a capacitação cria o diferencial para que seja contratado e tenha mais transportadores e embarcadores interessados em seus serviços”, concluiu.

Todas essas novas exigências trouxe um problema para o mercado: a falta de motorista qualificado que está cada vez mais agravado pela desvalorização da profissão, provocada pelo retorno financeiro e benefícios atrativos. o motorista começou a se sentir desvalorizado e a profissão deixou de ser atrativa.

Perfil do caminhoneiro atualmente provoca falta de profissionais 

Hoje em dia existe uma preocupação das empresas e dos próprios motoristas em fortalecer a profissão. Atualmente o treinamento é peça chave para a valorização do motorista de caminhão. Isso porque, são grandes as exigências na hora de contratar os serviços do motorista de caminhão. Para atender a nova realidade, o carreteiro teve de adotar comportamento diferente de anos atrás, época em que para conseguir um bom frete bastava ter um caminhão e saber dirigir. A profissão de motorista podia ser resumida em pegar e entregar a carga, enlonar o caminhão e saber fazer nós.

De acordo com a Salete M. Argenton , gerente geral da Fabet Filial SP, a concorrência está acirrada em todos as áreas no País neste momento de crise política, econômica, institucional e social. O treinamento ajuda a valorizar o motorista de caminhão.  “Não basta apenas ser um motorista habilitado e com experiência, é preciso ser um profissional atualizado e capaz de garantir  para a empresa resultados qualitativos e quantitativos efetivos, contínuos e duradouros.  Dirigir com segurança, produtividade e baixo custo operacional é fundamental e é exigência mínima do mercado de trabalho”, explica.

Todos os anos há um aumento em torno de 30% no número de alunos capacitados nos cursos abertos do Programa Caminhão Escola da Fabet, sinalizando um interesse maior dos motoristas por cursos de aperfeiçoamento. Para Salete, os motoristas de caminhão que evitam o treinamento insistem em dirigir de forma costumeira e antiga. O processo de desenvolvimento profissional é permanente em qualquer atividade e ser um profissional do transporte exige que as pessoas busquem aperfeiçoamento constante também.

“Os veículos são cada vez mais modernos e complexos, embarcadores e clientes exigentes com o nível de serviço, qualidade no atendimento e segurança, isso requer pessoas preparadas e qualificadas para o negócio. O papel do motorista gestor nos tempos modernos vai muito além da simples condução de um caminhão”, complementa.