A saúde do caminhoneiro esta diretamente ligada a redução do número de acidentes. Afinal, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), problemas de saúde são as principais causas de cerca de 15% dos acidentes de trânsito. Pode parecer bobagem, mas estar comprometido com a segurança na estrada está sim diretamente relacionado a manter a manutenção do corpo em dia.
Outro alerta vem da Abramet -Associação Brasileira do Medicina de Tráfego. Cerca de 170 mil sinistros de trânsito registrados em rodovias brasileiras em 2022 tiveram como causa principal ou secundária questões relacionadas à condição de saúde dos motoristas, no momento da ocorrência. Esse volume de colisões, capotamentos e outros desastres deixou como saldo 70,8 mil feridos e quase 8 mil mortos — números que representam um aumento de quase 28% em relação ao mesmo período do ano passado.
O mal súbito, por exemplo, não apresentar sintomas prévios mas é possível que algumas pessoas sintam incômodo no peito, batimentos cardíacos acelerados, mal-estar, enjoo, dor de cabeça, falta de ar. Então é importante estar de olho a esses sinais e estar com os exames de saúde em dia para evitar “apagar ao volante” e provocar acidentes.
Outro alerta relacionado a saúde do caminhoneiro está relacionado ao alto índice glicêmico e diabete crônica. As duas situações podem reduzir a capacidade de visão e contribuir para o aumento de acidentes. O cansaço somado a péssima qualidade de sono que a maioria dos caminhoneiros está submetido também é um fator importante a ser levado em consideração.
Para o presidente da Abramet, Antonio Meira Júnior, as condições de saúde dos condutores são extremamente relevantes para a segurança do trânsito. “Observamos que um terço dos mortos e feridos nas rodovias monitoradas pela PRF podem ter sido acometidos por problemas como déficit de atenção (permanente ou circunstancial), deficiências visuais, distúrbios de sono e comprometimento motor ou de raciocínio ” pontua.
Para ele, a saúde do condutor é um aspecto que deve ser considerado no âmbito de ações e políticas públicas destinadas à redução dos indicadores e reforça o estímulo à realização periódica do Exame de Aptidão Física e Mental pelo motorista, mecanismo considerado decisivo para a redução da mortalidade no trânsito. Para além do Maio Amarelo, lembra o presidente da Abramet, é preciso investir em campanhas permanentes de conscientização e fiscalização.
Saúde dos caminhoneiros: dormir 5,5 horas aumenta em 10 vezes as chances de causar acidente
Estudos indicam que a quantidade de horas dormidas e o tempo que a pessoa está acordada influenciam diretamente em sua habilidade para guiar. Uma pessoa que dormiu 5,5 horas, apresenta 10 vezes mais chances de causar um acidente de trânsito em relação a outra que dormiu 8 horas. Já se o motorista dirigir de 15 a 20 horas após ter acordado, suas chances de cometer um acidente são 10 vezes maiores do que as cinco primeiras horas. Se ele passar o dia todo acordado e dirigir de 20h a 25h, as chances de um acidente sobem para 60 vezes.
Segundo pesquisas, quem não dorme deixa de regular o organismo. Com isso, o fato de não dormir hoje e dormir o fim de semana todo, não compensa e nem repõe o que se deixou de regular. O doutor Geraldo Lorenzi Filho, médico e professor associado da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e diretor do laboratório de sono do Incor, reforça que a sonolência pode provocar acidentes de trânsito. “Existem evidências científicas claras de que a sonolência pode gerar desconcentração e ocasionar acidentes automobilísticos”, afirma.
Alimentação correta contribui para um trânsito mais seguro
E a alimentação? Pode parecer bobagem, mas, para quem dirige por muitas horas o tipo de alimento ingerido pode fazer toda diferença. Além disso, os alimentos podem ser grandes aliados ou inimigos quando o assunto é a saúde do caminhoneiro. Os alimentos processados e gordurosos além de contribuírem para o surgimento de doenças como hipertensão e diabetes, pode ser um dos fatores de aumento do número de acidentes. Afinal, esse tipo de comida provoca cansaço por serem de difícil digestão e, como consequência prejudica o reflexo na hora de dirigir.
A rotina do motorista de caminhão, que inclui noites mal dormidas, excesso de trabalho e hábitos pouco saudáveis nas refeições, aumenta a possibilidade do desenvolvimento de problemas de saúde e, consequentemente, as chances dele “apagar” ao volante e provocar graves acidentes. Por isso, fique atento para algumas dicas.
Saúde do caminhoneiro: dicas para evitar acidentes
Durante a viagem, mantenha-se alimentado e hidratado.
Dê preferência a alimentos leves e de fácil digestão, como frutas, legumes e verduras.
Evite doces, frituras e gorduras.
Durma bem antes de qualquer viagem. O sono e o cansaço são grandes inimigos da viagem segura.
Antes de dirigir, não faça refeições pesadas. A digestão demorada aumenta a sonolência.
Na estrada, não descuide nem por um instante. Muita atenção ao realizar ultrapassagens. Só ultrapasse quando tiver certeza de que é seguro.
Não use estimulantes como rebite e outros produtos. Você pode até ficar alerta, mas o corpo continua cansado e, quando o efeito passar, você será pego de surpresa.
Quando o cansaço começar a bater, não insista. Pare em lugar seguro e descanse um pouco.
O condutor deve programar paradas a cada três horas, caso ele dirija por mais de quatro horas seguidas, corre o risco de comprometer sua circulação e, consequentemente, os seus movimentos, por permanecer muito tempo na mesma posição.
Se dirigir, não beba. Álcool provoca sonolência, desatenção, reflexos lentos, entre outras consequências.
Faça exames regularmente e faça acompanhamento médico correto
Fatores que comprometem a saúde do caminhoneiro
A ingestão de bebida alcoólica é a terceira causa mais frequente, no que diz respeito à saúde de quem conduz. Foram mais de 28,6 mil sinistros nas rodovias, só no ano passado, que deixaram um saldo de 10,8 mil feridos e pelo menos 1,2 mil mortos. “Sabe-se que o álcool compromete o reflexo dos motoristas. Se fosse apenas isso, já não seria pouco, mas também reduz a capacidade de percepção da velocidade e dos obstáculos, reduz a habilidade de controlar o veículo, diminui a visão periférica, prejudica a capacidade de dividir a atenção e aumenta o tempo de reação”, alerta Flavio Adura.
Outra condição de saúde que mais aparece no levantamento é o sono. Este fator motivou, segundo a PRF, 961 mortes e deixou 7,5 mil feridos em 2022. Em comparação com o ano anterior, o número de sinistro relacionados ao sono aumentou em 25%. Completam o trabalho, o chamado mal súbito — perda de consciência devida mais frequentemente a doenças cardiológicas (infarto, arritmias) e neurológicas (AVC, convulsões) –, com mais de 2 mil mortos e feridos.
Saúde do caminhoneiro: estar com a saúde em dia é essencial para reduzir o número de acidentes
#32 Saúde do caminhoneiro pode interferir na segurança na estrada