O uso de drogas na estrada continua entre os causas principais de acidentes envolvendo caminhões. Na segunda-feira, 17 de julho, um caminhoneiro sob efeito de anfetamina, droga conhecida popularmente como “rebite”, foi preso pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) após provocar um acidente no km 204 da BR-316, em Valença do Piauí. O sinistro envolveu um carro de passeio, que tombou após ser atingido pelo motorista que, além dos comprimidos de rebite, tinha vestígios de ter usado cocaína.
O caminhoneiro parou no posto da PRF na BR-316 (PI) e alegou estar sendo perseguido. Os policiais perceberam o comportamento típico de quem estava sob efeito de drogas e encontraram os indícios no veículo. Logo foram alertados por um motociclista de que um carro tombou fora da pista. Os policiais socorreram os cinco ocupantes do veículo e ouviram o relato das vítimas, confirmando que um caminhoneiro tinha comportamento estranho na pista e que, ao ultrapassá-lo, foram jogados para fora dela.
Em seguida, o caminhoneiro foi preso e os policiais confirmaram pelo cronotacógrafo do veículo que não havia o registro obrigatório de descanso nas 24 horas anteriores. Vale destacar que o uso de drogas por motoristas profissionais está associado diretamente ao excesso de jornada. A droga predominante, em 70% dos casos, é a cocaína, ao contrário do que ocorria no passado.
Drogas na estrada: como as substâncias afetam o corpo?
O uso de drogas na estrada contribui para o condutor não respeitar normas básicas de segurança, como deixar a devida distância segura entre os veículos, realiza manobras imprecisas de aceleração, frenagem e desaceleração, além de não sinalizar manobras como mudança de faixa entre outras. As drogas provocam danos físicos como tempo de reação mais lento, visão distorcida, tremor nas mãos e baixa coordenação motora produzidos por drogas como maconha, cocaína, heroína, Ecstasy e LSD. Os usuários de drogas às vezes também veem luzes piscando no seu campo periférico.
Conheça as principais drogas consumidas na estrada
O presidente da Associação Brasileira De Estudos do Álcool e Outras Drogas (ABEAD) explica que todas as drogas afetam o corpo humano e que nenhum tipo de consumo é isento de riscos. “Não podemos dizer que existem drogas mais ou menos perigosas ao dirigir.” Já para a psiquiatra e presidente da ABEAD, a combinação entre drogas e direção tem impacto relevante na segurança dos motoristas e demais envolvidos, aumentando o risco de lesões e sinistros de trânsito. “Dirigir sob a influência de drogas aumenta o risco de acidentes fatais, expondo a vida de terceiros. Inclusive de alucinações ao volante”, explica.
Drogas na estrada: importância do exame toxicológico
O fato das drogas ainda estarem bastante presentes na estrada reforça a importância da exigência do exame toxicológico, apesar da polêmica que o assunto provoca por ser exigido apenas para os motoristas profissionais. Segundo dados da Senatran (Secretaria Nacional de Trânsito) cerca de 11,5 milhões de condutores das categorias C, D e E, habilitados para dirigir caminhões, vans, ônibus e carretas, são obrigados a fazer o exame toxicológico a cada 30 meses. Desses, pelo menos 4 milhões não cumpriram o exame que detecta uso regular de drogas nos últimos 90 dias.
No dia 3 de julho deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) também votou por unanimidade a constitucionalidade da exigência do exame toxicológico. Ou seja, é direito do empregador, do empregado e da autoridade de trânsito exigir o teste, responsável por detectar o uso de diversos tipos de substâncias psicoativas e que podem causar o aumento de acidentes nas ruas e estradas. “O exame salva vidas, uma vez que garante que o profissional não faz uso de entorpecentes que comprometam a execução plena e segura de sua atividade”, diz Renato Borges Dias, presidente da ABTox, Associação Brasileira de Toxicologia.