As péssimas condições de trabalho dos caminhoneiros não é nenhuma novidade. Os profissionais são submetidos diariamente a longas jornadas de direção com descanso insuficiente, falta de segurança e infraestrutura precária. Todos esses fatores negativos desvalorizam a profissão e reforça ainda mais o problema da falta de mão de obra. Isso porque, apesar de toda tecnologia incorporada nos caminhões, os jovens , diante de todos os desafios se sentem pouco motivados a seguirem na profissão.

As condições de trabalho dos caminhoneiros também afetam diretamente a saúde desses profissionais. Um dos grandes problemas enfrentados é a falta de locais seguros para descansar, afetando diretamente a qualidade do sono dos motoristas. A consequência é o risco elevado de acidentes e o surgimento de doenças como obesidade, depressão, pressão alta, AVC entre outras.

“Todos nós indivíduos adultos devemos dormir entre sete e nove horas por noite. E dormir deve ser um ato diário e não apenas quando dá, ou no final de semana”, explicou Regina Margis, da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, a Abramet.

5 fatores que comprometem as condições de trabalho dos caminhoneiros

Longa jornada de trabalho: diariamente os caminhoneiros são submetidos a longas jornadas de direção para poder cumprir os prazos curtos estabelecidos pelos transportadores. Esse é um dos fatores que comprometem as condições de trabalho dos caminhoneiros. A Lei 13.103 de 2 de março de 2015, conhecida como Lei do Caminhoneiro, do motorista determina jornada de trabalho de 08 horas por dia com máximo de 4 horas excedentes (combinadas previamente); uma hora de refeição e 11 horas de descanso seguidas sem fracionamento. Entretanto, muitos motoristas dizem que a fiscalização não é eficiente e, portanto, acabam não descansando o suficiente. Sem mencionar os autônomos que ficam sem qualquer resguardo.

Estradas precárias – estradas malconservadas, com problemas na pavimentação e sinalização ineficiente aumentam o risco de acidentes. Além disso aumentam o consumo de combustível e a manutenção do caminhão resultando em acréscimo de até 30% na operação do transporte. Dependendo da rota a ser cumprida, a viagem pode não valer a pena diante do risco de o caminhão vir a sofrer algum tipo de problemas que trará custo de reparo e prejuízo.

Rodovia deteriorada, em estado precário, impacta no bolso, aumenta o consumo de combustível e a necessidade de reposição de peças. Sistemas de embreagem e de freios, molas e pneus são os mais afetados além do aumento do tempo de viagem, reduzir as condições de segurança dos usuários da via, conforto e paciência do motorista. As estradas precárias reduzem as condições de trabalho dos caminhoneiros. 

Falta de segurança: a falta de segurança na estrada é um problema que acompanha o dia a dia do caminhoneiro a muito tempo. As queixas são quase sempre as mesmas. Fiscalização ineficiente, risco de acidente, falta de locais seguros para as paradas, uso de drogas e celular, cansaço. A própria condição de trabalho imposta aos caminhoneiros é um fator que compromete a segurança.

O roubo de carga é outro fator de comprometimento da segurança dos caminhoneiros e apesar do número de ocorrências estar em queda ainda é bastante preocupante. A Associação Nacional de Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) divulgou os resultados de sua pesquisa abordando o panorama do roubo de cargas no Brasil em 2022. De acordo com os dados coletados pela entidade, em parceria com órgãos públicos e privados, houve uma redução significativa de 9,1% em relação ao ano anterior, totalizando 13.089 registros.

A região Sudeste continuou concentrando o maior número de casos, representando 85,18% das ocorrências, seguida pelas regiões Sul (6,12%), Nordeste (4,66%), Centro-Oeste (2,81%) e Norte (1,23%). Em termos monetários, as perdas ocasionadas por cargas roubadas somaram cerca de R$ 1,2 bilhão em todo o país.

Saúde física e mental: Saúde física e mental são fatores importantes para o bom desempenho em qualquer atividade, especialmente para algumas como dirigir caminhão. Isso significa que o motorista de caminhão, profissional que passa maior parte de seu tempo ao volante, deve cuidar ao máximo de sua condição física e mental. A recomendação está diretamente ligada aos milhares de acidentes registrados nas rodovias federais do País nos últimos seis anos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), nos quais a causa principal, ou secundária, são questões relacionadas à saúde dos condutores no momento da ocorrência.

Manter hábitos saudáveis com horários flexíveis de alimentação está longe de fazer parte do dia a dia da grande maioria dos motoristas de caminhão e, por conta disso, se tornam fortes candidatos a desenvolverem doenças que, na maioria das vezes, agem de maneira silenciosa e podem até levar o indivíduo à morte se não tratadas de maneira correta.

#18 Qual a importância de cuidar da saúde mental?

Estar com a saúde emocional em dia também é importante para garantir a segurança na estrada. Afinal, o desânimo, sensação de medo, de tristeza, insônia entre outros, provoca falta de atenção e, consequentemente, aumenta a chances de acidentes. Segundo a Associação Brasileira de Tráfego (ABRAMET), a presença de doenças orgânicas nos caminhoneiros é responsável por cerca de 12% dos acidentes de trânsito fatais, incluindo as doenças cardiovasculares e, inclusive, as doenças mentais, como a depressão.

Falta de locais de parada – uma das principais dificuldades dos caminhoneiros na estrada é encontrar locais seguros e adequados para parar, descansar e cumprir os horários de descanso. Eles afirmam que na prática o que existe são os tradicionais postos de serviços que muitas vezes impedem a parada para descanso de quem não é cliente. Quando acontece de perderem o horário por algum imprevisto, o pátio do posto está lotado e sem vaga para estacionar. Na opinião da maioria dos caminhoneiros , o local para o motorista pernoitar com tranquilidade deve ter segurança, banheiros com chuveiro e espaço para as refeições.