Toda vez que uma greve de caminhoneiros é anunciada, o clima é de insegurança. Afinal, qual brasileiro não se lembra da paralisação de 2018? Na época, a greve provocou reflexos desastrosos no País. Entre eles podemos citar a falta de combustível, de mercadorias e insumos, desperdícios de cargas perecíveis, escolas fechadas.
Somente em 2021 já foram anunciadas quatro greves. Sendo a última marcada para dia 1 de novembro. As outras três não passaram de pequenos movimentos, que geraram paralisação de caminhão e bloqueios de alguns pontos de rodovias. Porém, sem nenhum resultado positivo para os caminhoneiros.
Entretanto esse excesso de convocações de greves vem provocando redução de adesão por parte dos motoristas. Pesquisa realizada pela Fretebras com 2.023 caminhoneiros da sua base de cadastrados, revelou que 59% dos entrevistados apoiam a paralisação do transporte rodoviário de cargas, marcada para novembro. Esse número é 6% menor do que os 63% que diziam apoiar a paralisação marcada para 8 de setembro – essa pesquisa foi realizada com 1.600 motoristas.
Dessa forma, quando se fala de greve dos caminhoneiros, vemos uma divisão de opiniões por parte dos motoristas. Alguns alegam ser necessário e útil o movimento. Enquanto outros acreditam não ser o caminho mais eficaz para melhorar as condições na estrada.
GREVE CAMINHONEIROS: QUAIS AS PRINCIPAIS REIVINDICAÇÕES?
A principal pauta de discussão gira em torno do não cumprimento dos compromissos assumidos no governo anterior para colocar fim a greve do ano passado. Alguns motoristas entendem que nada mudou no dia a dia da estrada tornando bastante complicado viver da profissão.
Em relação as reivindicações os destaques são o cumprimento do piso mínimo no preço de frete e uma mudança no regime de reajuste do diesel. No caso da tabela de frete, a categoria reclama de empresas que insistem em não cumprir o valor mínimo de frete e a falta de fiscalização por parte da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Os reajustes constantes no preço do diesel e o não cumprimento do piso mínimo de frete são pautas que aparecem como destaque em todas as pautas.
O QUE DIZEM OS CAMINHONEIROS?
José Alaercio Sinotti, de Terra Nova do Norte/MT, tem mais de 40 anos de estrada, acredita que as greves não funcionam e o principal motivo é a falta de união entre os motoristas. “O autônomo não tem força. São poucos os que realmente apoiam. Assim fica difícil, pois estamos longe de casa e ficar parado na beira de pista sem comida e sem banheiro é complicado”, opinia.
Além disso, José acredita que as greves muitas vezes têm intenções políticas. “Os caminhoneiros podem parar o País então essas greves são utilizadas muitas vezes para provocar uma pressão no governo”, explica.
Para José o cumprimento da tabela de frete é uma das questões mais importantes. Ele conta que já fez denúncias porém, sem sucesso por conta da burocracia. “Falamos com uma gravação que leva muitos minutos para ser atendido, o que leva o motorista a desistir. A ANTT deveria realmente fiscalizar”, opinia.
Jorge Luiz Eusébio, Sertãozinho/SP, acredita que a greve marcada para o dia 1 de novembro não vai dar em nada. “Eu participe da greve de 2018 que parou o Brasil. E existe uma grande diferença para o que estamos vendo hoje. E a principal delas é que não existe o apoio de grandes empresários e transportadores. Portanto, pode até ficar uma pequena aglomeração em alguns pontos mas nada parecido com o que vimos em 2018”, acredita.
Para Jorge, atualmente os maiores prejudicados não são mais os transportadores e empresários e sim os autônomos. “Os caminhoneiros não conseguem preços especiais para o diesel. Paga o preço da bomba. E o preço do frete está cada vez mais defasado. O governo está matando o autônomo. Então com certeza não há interesse dos grandes para apoiar uma greve então vai ser difícil atingir o patamar de 2018”, explicou.
Adair Garcia, Guarulhos/SP, acredita que a greve marcada para o dia 1 de novembro pode realmente acontecer. Porém é necessário uma melhor organização. “As outras que foram convocadas esse ano, na minha opinião tinha um apelo muito político. Uma paralisação realmente é importante pois está complicado trabalhar com o diesel chegando a R$ 5,00 o litro. Incrível como a gente não recebe em dólar mas o preço do combustível acompanha o dolar”, questiona.
Para Adair se a paralisação realmente acontecer de maneira organizada e forte, o governo será forçado a reduzir o valor do diesel. “Está ficando insustentável todos os nossos custos. O que realmente precisa acontecer é ter pessoas no governo para lutar pela nossa classe”, afirmou.
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