Com a apresentação na última Fenatran do Volkswagen e-Delivery, o Brasil mostra sua capacidade de participar de uma tendência mundial na eletrificação de veículos, principalmente, de carga e passageiros, isso após a Iveco já ter apresentado o primeiro caminhão brasileiro elétrico em meados de 2009. De um ou dois anos para cá, cidades europeias falam em aumentar a restrição aos veículos a combustão para incentivar o uso dos veículos elétricos, porém ainda sem uma análise mais profunda das consequências. Desafios tecnológicos, ambientais e econômicos precisam ser vencidos para a viabilidade da mobilidade elétrica. Por enquanto, o que vemos no mundo, são ensaios acessíveis apenas as elites econômicas. Vamos as perguntas que precisam ser respondidas:
3Quais os ganhos ambientais?
Se analisarmos que o caminhão elétrico não emite os poluentes que os combustíveis fósseis emitem, há um grande ganho ambiental. Porém, se milhões e milhões de baterias forem produzidas, daremos conta de reciclá-las? Vale ressaltar que as melhores baterias que conhecemos hoje são feitas de lítio. De acordo com o Manual do Lítio e Cálcio na Natureza, “o lítio é um elemento relativamente raro, embora ele seja encontrado em muitas rochas e algumas salmouras, porém, sempre em escassas concentrações”. Vamos lembrar que diversas outras indústrias utilizam o lítio, inclusiva a farmacêutica. Assim, teremos lítio para quantas baterias e por quantos anos? A indústria precisa responder qual o impacto na natureza se a produção de grandes baterias for em escala mundial? Lógico que se descobrirem uma nova tecnologia para armazenar energia, tudo muda de figura e nova realidade será construída. Mas a curto e médio prazo, não há nada em vista.
Muitos engenheiros da indústria automotiva ainda defendem que o Brasil tem fontes alternativas de combustíveis, como etanol, diesel de cana de açúcar, biodiesel e gás natural, com reduzido impacto ambiental e melhor viabilidade econômica do que os veículos elétricos. Para longo prazo, pesquisadores defendem a célula de combustível tendo o etanol como fonte e vapor d’água como resultado de emissão. Mas as pesquisas precisam avançarem muito, pois estamos mais próximo da estaca zero do que de alguma previsibilidade de prazo.
No mais, os caminhões Euro 6 já estão muito próximo da emissão zero se comparado com os caminhões Euro 0. A maior parte da frota brasileira ainda é de Euro 0 e a principal causadora das emissões medidas atualmente. As duas coisas precisam andar juntas: renovação de frota e introdução de tecnologias limpas.