Falta de investimento e problemas nos contratos de pedágio são problemas

Nos últimos 15 anos, apenas 22 quilômetros de rodovias foram duplicados no Paraná, em média, por ano. A falta de investimento público em obras e problemas nos contratos de pedágio são as principais causas da dificuldade em construir pistas adicionais na malha rodoviária paranaense desde 1998, quando teve início a política de concessões de estradas no estado. No período, ao todo, 327 quilômetros foram duplicados, dos quais 260 em vias pedagiadas.

Dos 14 mil quilômetros de rodovias pavimentadas no Paraná, menos de mil são de pista dupla – ou sete quilômetros em cada 100. Contudo, caso todos os projetos de duplicações previstos para a próxima década se concretizem, o ritmo de duplicações deve subir para 75 quilômetros ao ano.

A lentidão no ritmo atual causou mortes – os casos de colisões frontais são os mais perigosos e também o tipo mais comum de acidentes em pista simples – e representou perdas para o setor econômico, com dificuldades para escoar a safra e atraso na entrega de produtos, além de demora no transporte de pessoas.

Apesar de facilitar o tráfego, a duplicação não é indicada para todo o tipo de rodovia. É uma obra cara – custo aproximado de R$ 3 milhões por quilômetro – que só se justifica quando representa melhoria significativa na segurança ou na fluência do trânsito. Para João Arthur Mohr, consultor de infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), é necessário duplicar, em breve, mais de 500 quilômetros de rodovias. Trechos com trânsito de mais de 7 mil veículos por dia mereceriam uma segunda faixa. Fatores como trajetos de serra ou urbanos, alto índice de veículos pesados ou rodovias com problemas no traçado interferem na decisão de duplicar uma via.

No entanto, em algumas rodovias, o fluxo de veículo é tão intenso que a duplicação já não mais dá conta de garantir vazão ao trânsito. Mohr cita três pontos, com fluxo diário superior a 20 mil veículos, em que uma terceira pista seria mais do que bem-vinda: a Rodovia do Café (BR-277), no trecho entre o Jardim Botânico (Curitiba) e a fábrica da Renault (São José dos Pinhais); cerca de cinco quilômetros da BR-376, entre o trecho já pedagiado e o Aeroporto Afonso Pena, e o Contorno Sul da capital.

O Departamento Nacio­nal de Infraestrutura de Transporte (Dnit) prevê a triplicação do Contorno Sul. No trecho estão acontecendo obras de restauração, já com previsão de construir mais uma faixa. Atualmente o projeto executivo está em análise, mas a assessoria de imprensa informa que há a necessidade de criação de um programa específico para a execução do empreendimento.

Da Gazeta do Povo