Durante apresentação do engenheiro Renato Cobra, um dos autores do trabalho \”Performance dos materiais de atrito do mercado de reposição, no 8º. Colloquium Internacional SAE Brasil de Freios, em Gramado, no Rio Grande do Sul, foi explicado ontem (10/05) que diversas marcas de pastilhas de freios comercializadas no mercado de reposição não apresentam o mesmo desempenho que as originais e podem comprometer a segurança e trazer riscos para os usuários. Em análises e testes feitos por engenheiros do Campo de Provas da Cruz Alta, da General Motors do Brasil, foram detectados problemas que vão desde o fogo no sistema de freio dianteiro até a perda total de eficiência em descida de serra.
Segundo o engenheiro não existe no Brasil suporte legal para regulamentar, auditar e certificar os produtos hoje disponíveis no mercado de reposição. \”Ao contrário do que acontece com os componentes fornecidos às montadoras e que atendem às rigorosas normas internacionais, como a ECE R13, faltam normas que orientem e fiscalizem os fabricantes da reposição a fabricar produtos mais robustos, similares aos originais, e que garantam o mesmo desempenho em situações críticas\”, explica.
O profissional acrescenta que o proprietário que adquiri um jogo de pastilhas de freios no mercado de reposição espera que o seu veículo freie segura e eficientemente sob quaisquer condições, como quando o veículo estava equipado com o produto original. Mas os testes mostraram que, com alguns produtos, já na primeira frenagem, a desaceleração é abaixo do esperado e a distância percorrida é muito maior. Também foi detectado fadiga já na primeira frenagem sem conseguir parar o carro.
No trabalho apresentado, os testes realizados foram de \’Fading\’ de Velocidade, Descida de Serra e Rotina de Medição do Fator C (para medição do fator de atrito do freio proporcionado pela pastilha). Em todos, os produtos fabricados sem a referência fornecida às montadoras apresentaram problemas, como alto esforço do pedal, pressão elevada no sistema, fim do curso do pedal de freio, fogo no freio dianteiro, desaceleração abaixo do requisito durante os testes, impregnação e transferência de materiais e partículas da pastilha, descolamento das plaquetas (que fixam a pastilha na pinça de freio) e Fator C abaixo do especificado.
\”O objetivo do nosso trabalho é alertar para a necessidade de criação de um comitê e grupo de estudo formado por especialistas do CONTRAN, ABNT e INMETRO para regulamentar este importante mercado\”, destaca o engenheiro Fábio Fernandes, também autor do trabalho. \”Também é preciso que a norma do CONTRAN seja atualizada com base, por exemplo nas normas ECE R13 e ECE R90, que regulamentam hoje o setor tanto para o fornecimento de componentes às montadoras como para o mercado de reposição, respectivamente\”, finaliza.