No ano de 2011, o Sistema Anchieta-Imigrantes realizou um número recorde de comboios sentido o Litoral paulista. Foram 491 partidas contabilizadas pela concessionária Ecovias ao longo do ano, mais que o dobro da média de 240 saídas em comboios verificadas nos últimos 13 anos e 45,26% a mais que o antigo recorde de 1999, logo após a Ecovias assumir o sistema (338 operações).
Muitas vezes, a medida – mesmo sendo apontada como fundamental para a segurança dos motoristas – não é bem recebida pelos condutores. Isso porque, na Imigrantes, por exemplo, os veículos são parados no pedágio para formar grupos que partem a cada 30 minutos, guiados por carros da Polícia Rodoviária e da Ecovias. Os 26 quilômetros seguintes, até o fim do trecho de serra, levam 58 minutos em média para serem percorridos – em dias normais são apenas 17 minutos. Isso ocorre porque no comboio a velocidade dos carros é de até 40 km/h, bem abaixo dos 120 km/h permitidos em boa parte do sistema.
De acordo com a Ecovias, o motivo para o número surpreendente de operações comboio foi a maior ocorrência de neblina intensa no sistema. O comboio começa quando a visibilidade fica inferior a 100 metros. Alguns motoristas ficaram com a impressão de que o número de comboios explodiu sem necessidade. “Quando tinha acidente de manhã, eu ficava com a impressão de que tinha comboio até a noite, mesmo que não tivesse neblina nenhuma”, afirma Carolina Sessa, de 27 anos, que há cinco anos sobe e desce a serra todos os dias com ônibus fretado.
A concessionária nega que as partidas do comboio tenham aumentado em resposta ao megaengavetamento ocorrido no dia 15 de setembro na pista sentido São Paulo, onde não são feitos comboios. O acidente envolveu 103 veículos. No entanto, foi justamente a partir de setembro, mês do megaengaveamento, que o número de comboios disparou. Foram 364 partidas de comboio no último quadrimestre do ano, contra 117 no segundo e 10 no primeiro. Porém, a maior ocorrência neste período não foi uma exclusividade de 2011. Desde 1999, o mês com mais neblina acontece no segundo semestre do ano, em especial no inverno.

Fonte: G1