Negócio parece não atrair empresas para os leilões
O alto valor de algumas praças de pedágio que o governo pretende lançar no programa de concessão de rodovias é apontado por empresas do setor como risco para o negócio e indicação do esgotamento do modelo de concessões no país. Segundo a ABCR (Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias), a média dos preços dos pedágios das estradas federais hoje é de R$ 5,20 por 100 km.
O valor-teto das três primeiras rodovias que estão em processo de concessão está, em média, em R$ 10,40 por 100 km. A vencedora da concorrência será a que oferecer o maior desconto sobre esse valor. Nos últimos anos, os descontos nas licitações federais têm ficado acima de 40%.
Nas duas primeiras concessões do programa da presidente Dilma, só houve interesse em uma rodovia, a BR-050/MG-GO, com oito candidatos. Nela, o pedágio-teto era o mais baixo, R$ 7,90. A disputa deve reduzi-lo a próximo da metade. O vencedor do leilão será conhecido depois de amanhã.
Já a concorrência da BR-262/MG-ES não teve interessados. O valor-teto era R$ 11,50. Na BR-101/BA, a próxima que vai a leilão, no mês que vem, o valor-teto é ainda maior: R$ 12 por 100 km.
Empresas do setor que estudaram o edital disseram que seus modelos apontavam que o negócio só seria viável com descontos pequenos sobre o preço-teto. Com isso, o valor cobrado dos usuários seria elevado, reduzindo a atratividade da concessão e aumentando o risco.
Nas mais recentes manifestações populares contra o governo, em julho, praças de cobrança foram vandalizadas em São Paulo. No Espírito Santo, manifestantes pediram o fim da cobrança numa ponte entre Vitória e Vila Velha.
Da Folha de S.Paulo