O sinal de que a Volkswagen – empresa que começou a montar o Fusca e a Kombi no Brasil em 1953 – iria fabricar caminhões no País se confirmou em julho de 1979, quando a Volkswagenwerk, proprietária da fábrica brasileira, anunciou a aquisição de 67% das ações da Chrysler do Brasil, que na época produzia caminhões, picapes e automóveis da marca Dodge em unidade instalada em Santo André, no ABC Paulista. Os 33% restantes da matriz norte-americana foram adquiridos em fevereiro de 1981, quando a razão social foi mudada para Volkswagen Caminhões.

Os primeiros caminhões com a marca alemã foram lançados no início de 1981 e traziam as siglas VW 11.130 e VW 13.130, para 11 e 13 toneladas de PBT, respectivamente. Além do impacto causado no setor de transporte, os caminhões Volkswagen chamaram atenção do mercado também devido à cabine avançada. Isso porque naquela época, as estradas do País eram dominadas pelos modelos com cabine convencional, como o Chrysler D-700 (gasolina e diesel) e o D-400 Gasolina), ambos com capô.

O texto do anúncio da chegada dos pesados Volkswagen dizia que o caminhão da marca, o mais moderno brasileiro, não era boato e sim um fato. Ambos os modelos eram equipados com motor MWM de 6 cilindros, injeção direta e 130cv de potência. A caixa de marchas – disponível em duas versões – era fabricada pela Clark e o diferencial Braseixos era disponibilizado em uma ou duas velocidades.

A publicidade destacava também a cabine basculante como uma surpresa geral, a qual podia ser levantada com o mínimo esforço manual para se ter acesso ao motor. O texto discorria ainda sobre o chassi reforçado com longarinas de aço e face superior totalmente plana, para facilitar a aplicação de diferentes equipamentos. Espaço interno, ventilação, conforto e visibilidade e o painel de instrumentos completo e moderno, também eram apontados como um diferencial dos produtos.

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Anúncio da Volkswagen Caminhões publicado na edição da Revista O Carreteiro de março de 1981

DESAFIOS SUPERADOS       

O ingresso no segmento de caminhões foi um grande desafio para o Grupo Volkswagen, por se tratar de produtos inéditos para a marca, que não produzia veículos pesados em parte algum do mundo. Além disso, havia os obstáculos mercadológicos, pois teria de concorrer com fabricantes como a Mercedes-Benz, Ford e General Motors, já estabelecidos há décadas no País.

Após a criação da Autolatina, a Volkswagen produziu caminhões em parceria com a Ford. Desfeita a união – que permaneceu de 1987 a 1995, os caminhões Volkswagen foram ainda produzidos na fábrica da Ford, no bairro do Ipiranga, na cidade de São Paulo.

Em 1996, a Volkswagen inaugurou sua própria fábrica, em Resende/RJ e começou a montar veículos pelo sistema de produção denominado consórcio modular, pelo qual opera até hoje. Outro diferencial da empresa foi a introdução do conceito “caminhões sob medida”, o qual possibilita ao transportador decidir – entre as diversas características técnicas – a configuração do caminhão que  ele precisa.