O que os caminhoneiros esperam de 2025? Afinal, o ano de 2024 foi marcado por diversos desafios. Entre as principais dificuldades listadas pelos profissionais estão a alta do combustível e insumos, defasagem do frete e falta de condições e infraestrutura adequada. Boa parte desses profissionais se sentiram frustrados por não conseguirem realizar os objetivos traçados no início do ano. Entre as metas não alcançadas estão trocar de caminhão, migrar para a atividade autônoma e até mesmo comprar uma casa.
Mas, apesar de todos os obstáculos de 2024, os caminhoneiros ainda acreditam em tempos melhores. Para 2025, a expectativa é de fretes com preços mais justos, estabilidade no valor do diesel, mais segurança nas estradas e, principalmente, mais ações de valorização da profissão como locais seguros para descanso e estrutura adequada para atender as necessidades.

Caminhoneiros esperam de 2025 medidas de melhorias das condições de trabalho 


Francisco Luiz do Nascimento Junior, de Jaboatão dos Guararapes/PE, 49 anos de idade e quase 20 de profissão, diz que 2024 não foi um ano bom. Para ele é preciso medidas urgentes para melhorar as condições de trabalho do motorista. Na sua opinião, se nada for feito é grande o risco de abandono as profissão e de falta de mão de obra. “Acredito que o salário do motorista deve ser melhorado e é muito importante que as empresas façam uma melhor gestão do tempo que cada motorista fica na estrada. Chego a ficar 20 dias fora de casa”, explicou.
Outro ponto abordado por Francisco que foi bem complicado em 2024 é a falta de apoio na estrada. Ele reclama da ausência de locais seguros para o descanso do motorista. “É cada vez mais raro encontrar locais com estrutura adequada para receber o caminhoneiro. Vivemos situações complicadas na estrada como risco de assalto, alimentação com preço elevado, violência. Fiz uma viagem para Franca/SP e não tive autorização para tomar um banho. Isso é um absurdo. Fiquei um dia sem tomar banho. Ainda bem que tinha alimentação no caminhão. Todas essas questões desmotivam o jovem ingresse na profissão”, afirmou.

Para 2025 Francisco está com alguns planos e isso inclui trabalhar como autônomo. “Desejo mais reconhecimento e valorização em todos os sentidos. Sou empregado há 18 anos. Minha meta para 2025 é comprar meu caminhão e trabalhar como autônomo dentro da cidade de Recife e assim viajar menos. Mas, se não for possível, espero melhores condições de trabalho como salário, comissão”, destacou.

Caminhoneiros esperam de 2025 fretes mais valorizados

Para Adriana de Fatima Marcolino, 42 anos, da Rondonópolis/MT, há 16 anos na profissão, 2024 não foi um ano bom. Ela explica que os fretes estavam baixos e o caminhoneiro trabalhou em dobro e recebeu pela metade. “Em fevereiro tive que deixar o transporte em rodovia pois minha mãe se acidentou. Desde então, estou na terraplanagem, uma atividade muito cansativa. Gastei muito com a doença da minha mãe e meu faturamento não foi suficiente. Mas, com fé em Deus vamos sair disso”.
Em janeiro Adriana espera retornar para a rodovia e está aguardando a resposta para uma oportunidade de trabalhar com câmara fria. A expectativa de Adriana para 2025 é mais reconhecimento para a categoria, menos exigências e mais salário. “Gostaria de ter comprado um carro em 2024 mas os planos foram adiados para 2025. Mas se Deus quiser o frete vai reagir. E digo que essa realidade não foi apenas para os caminhoneiros. Muitos transportadores também sofreram. No Mato Grosso tem muitas transportadoras que pediram falência”, destacou.

Caminhoneiros esperam de 2025 melhores oportunidades para trocar de caminhão

No final de 2023, a Revista O Carreteiro entrevistou o caminhoneiro Marcos Aguias, 35 anos de idade e oito de profissão, de Jequitai/MG. Na ocasião, ele estava bastante otimista com 2024 e tinha planos de comprar uma carreta e trabalhar como autônomo. Porém, conta que tentou financiamento, mas não conseguiu. “A entrada era muito alta então decidi não arriscar. Além disso, o valor do frete desse ano estava muito baixo. Neste final de ano, as cargas estão ainda piores quando comparado ao ano passado”, explicou.
Para 2025, Marcos tem expectativa de ser um ano melhor. Entretanto, já está se organizando para sair da carreta e investir no seu negócio. “Ultimamente, a profissão está bastante estressante. Caso não melhore, muitos caminhoneiros vão deixar a profissão. A valorização do motorista está muito baixa. Temos que trabalhar muito mais para melhorar o faturamento. Acredito que em 2026 não estarei mais no caminhão. Pelo menos hoje essa é a minha mentalidade. Possivelmente vou investir no meu síto, herança do meu pai”, explicou.

Caminhoneiros esperam de 2025 um ano de mais trabalho e faturamento

Cristina Ribeiro Godoy, 40 anos de idade e 13 como motorista de caminhão, de Cubatão/SP, esperava mais de 2024. Porém, conta que profissionalmente foi um dos piores anos, mesmo com oferta de emprego. Um dos pontos apontados por Cristina é a resistência de algumas empresas de dar oportunidade para casais dirigirem juntos.
Atualmente Cristina e o marido Fabiano de Godoy estão em uma empresa que permite essa prática, o que facilita o dia a dia. “Moramos praticamente no caminhão. Voltamos para casa a cada dois meses. Mas atuamos juntos em um segmento pesado. Mas, conseguimos selecionar a carga e ir para o mesmo destino e meu marido me ajuda 80%. E isso é muito positivo”, disse.
Para 2025, Cristina espera que o ano seja um pouco melhor, não apenas para o setor de carga mas para todo o comércio. “Os fretes estão muito baixos. Um frete para a baixada santista que era R$ 400 reais hoje descemos por R$ 200,00. Mesmo assim, com todas essas dificuldades me sinto realizada. Estava longe em muitas datas comemorativas, mas, tudo o que eu conquistei até hoje foi o caminhão que me deu.

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