Sono e direção definitivamente não combinam. Caminhoneiro consciente sabe a importância de estar atentos à qualidade do sono, pois de acordo com especialistas, conduzir um veículo com sonolência pode ser tão perigoso quanto encarar a volta para casa depois de beber algumas doses de álcool.

Dentro deste contexto, a expressão popular “bêbado de sono” tem uma parcela de verdade, porque pessoas que permanecem acordadas de 17 a 19 horas têm performance no volante pior do que aqueles que apresentam nível de álcool no sangue (BAC) igual a 0,05%. Enquanto quem fica 24 horas sem dormir tem reações similares a quem apresenta BAC igual a 0,10%, de acordo com estudo publicado no New England Journal of Medicine.

Estudos indicam que a quantidade de horas dormidas e o tempo que a pessoa está acordada influenciam diretamente em sua habilidade para guiar. Uma pessoa que dormiu 5,5 horas, apresenta 10 vezes mais chances de causar um acidente de trânsito em relação a outra que dormiu 8 horas. Já se o motorista dirigir de 15 a 20 horas após ter acordado, suas chances de cometer um acidente são 10 vezes maiores do que as cinco primeiras horas. Se ele passar o dia todo acordado e dirigir de 20h a 25h, as chances de um acidente sobem para 60 vezes. Segundo pesquisas, quem não dorme deixa de regular o organismo. Com isso, o fato de não dormir hoje e dormir o fim de semana todo, não compensa e nem repõe o que se deixou de regular.

Nos Estados Unidos, a sonolência é responsável por 1/5 dos acidentes, o que representa uma ocorrência a cada dois minutos. O sono acontece devido a produção do hormônio melatonina. Ao fecharmos os olhos ou num ambiente de penumbra, o hormônio começa a ser produzido, o período com maior concentração é entre 2h e 3h (EV).

Sono e direção compromete segurança na estrada

Sono e direção não combinam. Entretanto, a rotina do caminhoneiro marcada por horários apertados para entregar as cargas e falta de infraestrutura adequada para atender as necessidades básicas do profissional compromete o sono do caminhoneiro. A consequência é o risco elevado de acidentes e o surgimento de doenças como obesidade, depressão, pressão alta, AVC entre outras.

“Todos nós indivíduos adultos devemos dormir entre sete e nove horas por noite. E dormir deve ser um ato diário e não apenas quando dá, ou no final de semana”, explicou Regina Margis, da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, a Abramet. 

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Mas então vem a pergunta: como melhorar o sono do caminhoneiro se ele não consegue descansar adequadamente já que a estrada não oferece infraestrutura e as empresas estipulam horários apertados para carregar e descarregar?

Caminhoneiros no Instagram

Na página do Instagram da Carreteiro fizemos algumas perguntas sobre a rotina do sono do caminhoneiro. 51% dos motoristas que participaram disseram não conseguir descansar na estrada. As justificativas são falta de segurança e lugar para parar, horário apertado para chegar ao destino, roubo na estrada, excesso de barulho nos pontos de parada, preocupação, calor.

A média de horas dormidas pelos profissionais varia entre 4 e 6 horas por noite. 65% garantem não ser horas suficiente para se sentirem realmente descansados. 72% disseram já ter cochilado na estrada e 95%  acredita que o cansaço é sim um fator de risco na estrada.

Sono e direção: como saber se sofro de distúrbio do sono?

A diretora do departamento de medicina do sono da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, a Abramet, Regina Margis, explica que o primeiro passo é analisar como a pessoa acorda. “Se a pessoa acorda cansada, em dias de folga precisa de mais horas. Afinal, quem não tem dívida com o sono não precisa dormir mais horas do que o habitual”, explica.

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Sono e direção: quais os perigos de não dormir adequadamente?

“Os perigos de não dormir pode ser a curto, médio e a longo prazo. Todos nós indivíduos  adultos devemos dormir entre sete e nove horas por noite. E dormir deve ser uma ato diário e não apenas quando dá, ou no final de semana. E, de preferência no período da noite. Outro ponto é observar a qualidade do sono. Brigar para levantar a cada dia, bocejar várias vezes ao longo do dia, necessidade de tomar café, ou em situações monótonas dar aquela piscada de olho mais profunda são pequenos alertas de que a qualidade do sono não está boa”, explicou a diretora do departamento de medicina do sono da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, a Abramet, Regina Margis.

Cuidar do sono é cuidar da saúde de uma maneira geral. Regina Margis ressalta que algumas pessoas desenvolvem tolerância a percepção da sonolência e isso é grave pois não busca tratamento adequado e a médio e  longo prazo as consequências podem ser desastrosas. “A privação do sono aumenta o risco de hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, doenças mentais como a depressão e os transtornos de ansiedade e  abuso de substancias ilícitas”, reforçou.

Sono x Acidentes 

A sonolência pode gerar desconcentração e ocasionar acidentes. Prova disso, são os números da Associação Brasileira do Sono, que mostram que o sono é responsável por 30% das mortes e 20% dos acidentes em todo país.