A cada dia que passa, o caminhão a gás produzido no Brasil pela Scania se torna uma realidade mais presente nas estradas do País. Considerado como uma solução viável para substituir o diesel, e por consequência para reduzir emissões de Co2, o fato é que a montadora acabou de anunciar que atingiu a marca de 50 unidades já comercializadas.

Apresentado ao mercado na Fenatran passada, nas versões GNV e/ou biometano, os primeiros compradores são empresas de transporte e embarcadores que publicamente declaram comprometimento com a sustentabilidade e entendem que o uso gás como combustível tem muito a contribuir com suas metas de redução de emissões de gases poluentes.

Entre os compradores estão a Pepsico, por exemplo, uma das líderes mundiais no segmento de alimentos e bebidas, que já adquiriu 18 unidades da versão G 340 4×2. A lista inclui também as transportadoras Transmaroni, com 11 unidades do R 410 6×2; RN Express, Jomed LOG, Transtassi, Charrua, Carsten, CCL e Coopercarga entre outras não reveladas.

Como é de conhecimento público, o uso do gás para mover veículos no setor de transporte não é o único recurso conhecido para substituir o diesel, sendo a eletrificação uma das maiores apostas para o futuro. Porém, o gás (natural ou o biometano) é uma solução viável, explica o vice-presidente das operações comerciais da Scania no Brasil, Roberto Barral.

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Roberto Barral, da Scania: o caminho viável para o Brasil aqui e agora devido ao seu potencial de redução de consumo e de emissão de CO2.

O executivo frisou que a empresa não acredita numa matriz única de combustível, e lembrou que a total dependência do diesel impossibilita melhorar o planeta.  “A eletrificação é o futuro, sem dúvida, mas existem etapas até chegarmos a esta realidade”, acrescentou Barral adicionando que não existe previsão para o Brasil, apesar de a Scania já ter na Europa a tecnologia de eletrificação de caminhões.

“Até a chegada da eletrificação, o caminho viável para o Brasil, aqui e agora, é o gás devido ao seu potencial de redução de consumo e de emissão de CO2”, complementou.  Indicados para médias e longas distâncias, os caminhões pesados Scania movidos a gás natural e/ou biometano (ou a mistura de ambos), são equipados com motor ciclo Otto.

A engenharia reforça que os motores já nasceram para operar com gás, não se trata, portanto, de conversão. Além disso, todos contam com garantia da montadora. Outras características é serem 20 % mais silenciosos e apresentarem desempenho e força semelhantes aos motores diesel da marca.

O diretor de vendas de soluções da Scania no Brasil, Silvio Munhoz, por sua vez, disse  que a meta da Scania de vender 100 caminhões a gás este ano, como ele havia dito algum tempo atrás, não está descartada.

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Silvio Munhoz: é certo que no início de 2021 vamos ultrapassar  a marca dos 100 caminhões a gás vendidos

“Estamos falando com vários transportadores interessados no caminhão a gás, especialmente empresas da região Nordeste”, afirmou, dizendo que não podia ainda revelar os nomes. “É certo que no início de 2021 vamos ultrapassar os 100 caminhões a gás vendidos”, completou.

De acordo com Munhoz, a montadora está preparada para a produção sem limite de caminhão a gás. “Globalmente, a redução das emissões de CO2 é um compromisso sério da Scania. Sabemos que somos parte do problema e queremos ser também parte da solução”, concluiu.

A pandemia causou efeito na decisão de compra de caminhão a gás. Ao menos é o que disse o diretor operacional da Transmaroni Transportes, Gustavo Maroni.

Segundo Gustavo, sua empresa é focada na sustentabilidade e que este objetivo foi intensificado durante o isolamento. “ Sobrou mais tempo para pensarmos e agora chegou a vontade de fazer a diferença. Estamos confiantes de que teremos bons números com essa tecnologia”, complementou.

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Gustavo Maroni, Transmaroni está confiante que a empresa terá bons resultados com os caminhôes movidos a gás

Maroni complementou que a frota da transportadora sempre foi composta por veículos novos, ao afirmar que já em 2013 toda a frota da Transmaroni era composta por veículos Euro 5. Contou também que em 2016 a empresa desenvolveu um caminhão híbrido (gás/diesel).

A Transmaroni colabora com a Fundação SOS Mata Atlântica doando mudas de árvores para o projeto Floresta Scania, área de reflorestamento localizada no Vale do paraíba/SP. Em 2019, a transportadora doou 4.200 mudas e para este ano estão previstas mais 10 mil.

Atualmente a “Floresta Scania” tem 84 mil árvores plantadas, que segundo a organização SOS Mata Atlântica representarão cerca de 14 mil toneladas de CO2 compensadas. O cálculo considera uma tonelada de carbono para cada seis árvores plantadas.

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Rodrigo Navarro, da RN Express disse que caminhão movido a gás facilita a contratação de novos embarcadores e pensa em aumentar sua frota com mais unidades

Rodrigo Navarro, proprietário da Transportadora RN Express, que opera também com veículos elétricos, destacou que a aquisição dos sete caminhões movidos a gás tem como pilar a sustentabilidade. Acrescentou que os embarcadores também têm motivado o investimento. A RN é uma das transportadoras que tem como clientes a L’Oreal e a Nestlè, empresas focadas em sustentabilidade.

Para Navarro, o caminhão movido a gás facilita a contratação de novos embarcadores e acredita que a tendência é equilibrar o custo. “Se não fosse a pandemia, nós já teríamos melhores resultados”, disse em relação aos sete veículos a gás já adquiridos. Disse também que está em negociação com outros embarcadores e tem expectativa de chegar a 15 caminhões a gás. Hoje a sua frota é formada por 150 caminhões entre os quais 50 são pesados.

Quanto à manutenção dos caminhões a gás, a Scania afirma que sua rede de concessionárias está sendo preparada para dar todo o apoio necessário aos veículos, sobretudo porque não são grandes as mudanças além ferramentas e check-list especiais.

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Renan Loureiro, da L’Oréal: “resultados de caminhão movido a biometano operando na rota Rio de Janeiro-São Paulo têm sido positivos

Já a rede de abastecimento tem muito ainda a ser desenvolvido. No Rio de Janeiro, por exemplo, as dificuldades com abastecimento já foram maiores, mas os postos se adequaram, disse Renan Loureiro, gerente nacional de transporte da L’Oréal. Ele disse que já existem estudos e projetos em andamento de abastecimento em outros Estados.