Por ser o transporte rodoviário o modal responsável pela movimentação da maior parte das mercadorias no Brasil, é normal que as rodovias ganhem destaque em razão de sua importância no escoamento de todo tipo de carga.  Algumas até com histórias e fatos interessantes como as rodovias Presidente Dutra, Castelo Branco, Via Anhanguera, Anchieta, dos Imigrantes e Estrada Velha de Santos, também conhecida como Caminho do Mar.

Rodovia Presidente Dutra– Até hoje a principal e importante ligação entre as capitais dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, foi inaugurada no dia 19 de janeiro de 1951 pelo presidente da República, o general Eurico Gaspar Dutra. Dos 405 quilômetros de extensão previstos para a então BR-2, estavam concluídos na inauguração 339km. Faltava ainda pavimentação em trechos  paulistas: 6 km próximos a Guarulhos e 60 km entre Guaratinguetá e Caçapava.

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Primeiros estudos para construção da Castelo Branco são de 1953, o projeto ficou pronto em 1961; obras começaram em 1963 e foram concluídas em 1968

A estrada contava com pista simples de mão dupla em quase toda sua extensão, encurtou em 111 quilômetros a distância entre as duas capitais em relação à antiga Rio-São Paulo inaugurada em 1928. Com a nova ligação, o tempo de viagem foi reduzido de 12 horas (em 1948) para seis.

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O ganho de tempo foi possível em razão da concepção avançada que permitiu a construção de aclives e declives menos acentuados e curvas mais suaves.

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Deveu-se também à superação obstáculos naturais, basicamente nos banhados da Baixada Fluminense e na área rochosa da garganta de Viúva Graça, na região de serras entre Piraí e Cachoeira Paulista, e no segmento da Várzea de Jacareí.

 

 

Rodovia Castelo Branco– Atual SP-280, os primeiros estudos para a construção são de 1953 e o projeto ficou pronto em 1961. A obra teve início em 1963 e o nome Castelo Branco foi estabelecido em 1967. Antes fora identificada como Rodovia do Oeste, BR-374 e popularmente chamada Estrada do Oeste. O nome oficial foi estabelecido em 1967 por decreto do governador de São Paulo à época, Abreu Sodré. É comum o nome da rodovia ser escrito com duas letras “L”, embora o nome do homenageado não dobrasse essa letra”. Com extensão de 315km, liga a capital de São Paulo até o acesso Aos municípios de Ipaussu e Ourinhos/SP.

Via Anchieta– Uma das rodovias mais movimentadas pelo escoamento de cargas entre o Planalto Paulista e o Porto de Santos,  e vice-versa, a Via Anchieta teve autorização para ser construída em janeiro de 1929. O objetivo era ter uma estrada mais moderna para substituir a Estrada do Mar, tida como antiquada para substituir o tráfego da época.

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Construção da via Anchieta teve início em 1939 e sofreu atrasos devido a 2ª Guerra Mundial. A obra foi inaugurada e entregue ao tráfego em 1953

Em 1935 o governo paulista abriu concorrência pública para a obra, mas não houve empresa que atendesse às condições do edital e o projeto ficou parado por mais quatro anos. A construção teve início em julho de 1939 e assim como outras obras sofreu atrasos devido a problemas causados pela 2ª Guerra Mundial como a falta de combustível, que paralisou a obra por vários meses em 1942 e 1943; falta de cimento e rescisão de contratos de terraplanagem; importação de máquinas entre outros que atrasaram por três anos a conclusão da obra.

A situação foi normalizada em 1946 e a inauguração da primeira etapa em 1947 e da segunda em 1953. Depois de concluída, a Via Anchieta foi considerada à época uma obra prima da engenharia ao transpor a Serra do Mar por meio de túneis e viadutos.

Outra ligação da cidade de São Paulo à baixada Santista é a rodovia dos Imigrantes, SP-160. Sua construção começou em janeiro de 1974, com a pista ascendente (Norte) inaugurada em julho de 1976 com 11 túneis. A pista Sul começou a ser construida em 1998 e inaugurada em 2002, com  04 túneis, sendo dois deles – um com 3.146m e outro com 3.009m – os mais extensos do País tratando-se de túneis rodoviários.

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Corredor de exportação para o Porto de Santos, a rodovia dos imigrantes tem túneis rodoviários mais extensos do Brasil, um com 3.009 metros e outro com 3.146m

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O projeto original, de 1986, foi refeito para se tornar menos agressivo ao meio-ambiente, com túneis mais longos e viadutos mais modernos. Para se ter idéia, a obra desmatou 400 mil m2. É muito, mas a construção da pista Norte consumiu 16 milhões de m2 da mata atlântica.

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Via Anhanguera: rodovia começou a ser construída em 1940 e utilizou parte do trajeto da antiga Estrada de Campinas

Caminho do Mar (SP-148) – Conhecida como Estrada Velha de Santos, começava na vila de São Vicente, cruzava área alagada onde hoje é Cubatão, subia a Serra do Mar e seguia até o atual município de Mauá e de lá seguia para onde é hoje o Pátio do Colégio, na capital paulista.

A Rodovia Caminho do Mar foi oficialmente inaugurada em 1846. Antes de sua construção a ligação entre o planalto e a baixada Santista era feita pela Calçada de Lorena, inaugurada em 1792 e utilizada principalmente para o escoamento da produção de açúcar entre o Interior do Estado e o Porto no lombo de tropas de mulas. Dados históricos dão conta que a rota consistia num zigue-zague com 180 curvas na encosta da Serra. Porém, seu traçado foi praticamente absorvido pela rodovia Caminho do Mar em  toda sua extensão pela Estrada Velha de Santos.

Utilizada principalmente por carros de boi para o transporte de café para o Porto de Santos, em 1864 recebeu melhorias no trecho de planalto e passou a se chamar Estrada do Vergueiro e a partir de 1.867 começou a sofrer a concorrência da ferrovia Santos-Jundiaí. Somente no início da década de 20, após ser pavimentada com concreto e a receber maior movimento de veículos motorizados é que passou se chamar Caminho do Mar. Em 1985 a pista foi fechada ao tráfego, tornando-se patrimônio histórico e podendo só ser percorrida por visitantes a pé e veículos de manutenção.